Uma das leitoras do blog, Nayara, pediu que comentasse sobre alimentação e hipertensão arterial essencial, que é a situação onde a pressão sangüínea está aumentada. Quando se mede a pressão, dois números são anotados, por exemplo: 13x8. Para o assunto de nosso interesse nesta “conversa”, o número menor é o mais importante. Assim se este número estiver acima de 8,5 por duas vezes, já devemos ficar ligados porque podemos estar com o quadro hipertensivo. Quero começar com uma receita simples, e assim atendo também ao pedido de Mariana Rocha que deseja ter umas receitas. Hoje trago um molho que acho incrível para o pão ou o aipim, ou para colocar na salada. Também pode ser usado em verduras cozidas no vapor. Você cozinha as verduras e depois joga o molho por cima, uau! Não se esqueçam de me convidar.
É simples: tomem 2 tomates, 1 dente de alho (ou uma cebola pequena), manjericão a gosto, azeite doce (de oliva) virgem ou extra-virgem e bate tudo junto no liquidificador, depois acrescente orégano. Está pronto. Querendo que fique mais liquido bota mais tomate e azeite. Ponha isso em qualquer comida e você vai ver – escrevendo estas linhas me vem água na boca. Quando temos atividades aqui na Unidade de Saúde da Família do Vale do Capão (USF) a turma sempre me pede pra trazer este molho e o povo se farta de comê-lo com pão integral. Nunca sobrou. O mesmo molho pode ser incrementado com outras ervas (como salsa e basílico) e também com iogurte.
A nossa USF promove, com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde (SESAB) e da Escola de Formação Técnica em Saúde (EFTS), todos os anos um encontro de profissionais que trabalham com Estratégia de Saúde da Família e, em uma delas, veio um cardiologista (Dr. Manoel Afonso), cuja primeira frase foi que não dá pra tratar hipertensão sem rever e modificar a alimentação da pessoa doente. Ele comentou que voltava de um congresso sobre o assunto onde o que mais se falou foi justamente da alimentação. Isso me causou grande alegria, já que a pressão alta tem a ver com a resistência dos vasos à passagem do sangue, mas também sofre o efeito de que o sangue, estando excessivamente viscoso (grosso, usando terminologia mais popular), também avança com menos facilidade. Ambos os fatores têm a ver com alimentação.
Já é de conhecimento geral que o sal (cloreto de sódio) é o grande vilão. Ele não apenas estimula os vasos a se “apertarem” como também gera pequenas lesões nas paredes das arteríolas (artérias mais finas) que ao cicatrizar faz que estes vasos fiquem mais rígidos (aumentando a pressão). Assim, é imperativo diminuir este tempero. Em cerca de 4 meses o paladar se acostuma à redução do sal. E usando alho como tempero, a pessoa sente menor necessidade do sal no paladar. Porém devemos tomar cuidado porque os alimentos industrializados contêm sal escondido e Glutamato Monossódico que aumenta a pressão 4 vezes mais que o cloreto de sódio. Daí é importante só usar como tempero aqueles produtos de horta que sua avó usava, como hortelã, salsa, cebola, alho etc. Estes produtos não apenas não prejudicam o hipertenso, como também têm a capacidade de reduzir a pressão e de “afinar” o sangue. Os médicos recomendam AAS para reduzir a viscosidade do sangue, ou seja, para “afinar” o sangue; pois bem, o alho, a cebola e o alho porro fazem o mesmo. Uma alimentação rica em frutas e verduras tem efeito semelhante. O manjericão também reduz a pressão. O azeite doce virgem ou extra-virgem reduz o colesterol LDL, chamado de mal colesterol, aumentando o bom colesterol, protegendo desta maneira o hipertenso, pois o excesso de colesterol aumenta a chance de a pessoa ter “derrame”. Muitas vezes o hipertenso tem alterações no colesterol e isso pode ser corrigido com alimentação rica em frutas, verduras, aveia, abacate e o já mencionado azeite doce.
Como vocês podem notar, temos uma verdadeira farmácia na cozinha que pode tanto prevenir a pressão alta (o que é melhor) como contribuir significativamente para a redução da pressão.
Recebam um abraço sem pressão de Aureo Augusto
Dr. Áureo, este artigo me convence ainda mais acerca do perigo dos temperos industrializados. Tenho algumas conversas com um amigo que é Químico e que não vê perigos tão grandes assim nos sais industriais. A experiência demonstra o contrário. Este meu amigo certa vez argumentou que não haveria razão para se estudar Química se os conteúdos não ajudassem na produção alimentícia por exemplo. Entretanto, sugeri a leitura de um outro post seu falando especificamente sobre os temperos industrializados versus tempero da vovó. Agradeço muito os seus posts pela orientação dada. Um abraço. (André Luís)
ResponderExcluirCaro Áureo,
ResponderExcluirMe enterneço ao ver a dor da perda que tivera se transformar em luz e guiança às nossas consciências através da atitude generosa de compartilhar seu conhecimento.
Receba minha gratidão.
Abraço fraterno,
Adriano
Excelente post, Dr,Áureo.
ResponderExcluirEu ainda como bobagens, especialmente doces mas já mantenho atitudes positivas em relação a estes temperos. EU AMO ALHO, ai como eu adoro alho e azeite extra-virgem já faz parte da nossa comida do dia a dia.
E ODEIO SAL. Nossa, como eu tenho horror ao sal.
Ano passado eu tive um aumento de pressão, talvez causada por stress e ao fazer o M.A.P.A, durante as 24 horas que eu fiquei com o aparelho, minha pressão ficou 99% 11x8 porém, próximo ao amanhecer deu 11X7.
Este indicativo saiu em negrito e destacado em vermelho e meu cardiologista me falou algo, ficou pensativo e eu acabei me preocupando. Não me lembro mais do que ele falou mas com os seus conhecimentos, essa pressão 11x7 incorre em algum problema cardiáco?
Eu adoro frutas, banana da terra, verduras, folhosos, como pouca carne, tenho usado bastante o pão integral mas tambem gosto muito de mariscos e.........doces. Uma tentação. E ando acima do peso...rsrs
Abraços
Áureo
ResponderExcluirFalando de hipertensão, passei muitos anos da minha vida cuidando dessa senhora. Ocorre que há um ano atrás,ao comploetar 77 anos, decidi mudar o rumo da minha vida, pois desejo ficar ainda um bocado por aqui. Passei, então, a praticar uma reeducação alimentar no Vigilantes do Peso, baseada unicamente em alimentação saudável + exercícios físicos, sem qualquer medicamento inibidor. Resultado: em 10 meses sem passar fome, nem fazer sacrifícios, perdi 12 quilos dos 20 que preciso emagrecer. Todas as minhas taxas que estavam sempre beirando os limites, desceram a indices normais e a pressão é hoje 13x7.
Os medicamentos já foram todos reduzidos á metade e eu me sinto ótima.
É só deixar de lado os industrializados e partir para a natureza que o resultado aparece.
Abraçao
Oi Aureo, bom dia!
ResponderExcluirLegal ter me avisado do post, obrigada!
Devo dizer que viria aqui de qualquer jeito, por que virei fã do blog, rsrs!
Este post sobre hipertensão está muito bacana e fácil de entender para aqueles, cuja linguagem mais técnica representa uma barreira ao aprendizado e consequente esclarecimento.
Tem sido uma prática pessoal e estendida aos pacientes a conscientização sobre a importância da alimentação e seus ecos na saúde.
Sou bisneta, neta, filha de carnívoros, entretanto tem sido uma conversa de anos, por que " água mole em pedra dura, tanto bate até que fura" , que lá em casa houve mudanças significativas em termos de alimentação.É bem verdade, não devo atribuir a mim somente estes meritos e sim a minha mãe, que apresentou uma abertura grande da percepção acerca da necessidade de mudanças nutricionais e o meu papel é endossar isso diariamente, enfatizando redução do uso dos carboidratos de absorção rápida e o maior uso das raízes,do cuscuz, do pão integral. A redução do consumo da carne vermelha e branca e a substituição por outras fontes de proteína, como a soja por exemplo e o queijo ricota, porém sem exageros.Aprendi sobre cozinha indiana, nestas voltas da vida e descobri que ela tem bom IBOPE na família, o que me fez começar a introduzir recentemente estes sabores mais exóticos digamos assim, que parecem ser bem aceitos.
O que percebo entre os meus pacientes é que a principal resistência à mudança alimentar se deve a alguns aspectos:
1 - A demanda da vida cotidiana - que implica em agilidade, rapidez e no consumo das comidas fáceis ( porém nem sempre saudáveis).
2 - O desconhecimento de determinadas propriedades dos alimentos, o que muitas vezes determina a negligência do seu uso na alimentação.
3 - A monotonia alimentar.
4- A falta de tempo ou prazer em cozinhar
5- O referencial afetivo do comer ( e aqui não consigo me esquecer das Madeleines de Proust) - ele sabia das coisas, aliás os franceses sabem deste prazer à mesa como poucos.
6 - A resistência do profissional de saúde (médico) em abordar aspectos nutricionais, face a nossa grande ignorância sobre o assunto, visto que nem cadeira de nutrição pertence a grade de disciplinas na formação universitária.
Enquanto escrevia este comentário,chegou uma paciente para ser atendida em consultório, perfil 33 anos, hipertensa com hemoglobina glicada e colesterol LDL limítrofes, já vinha medicada para hipertensão porém sem nenhuma orientação sobre alimentos funcionais ou sua distribuição ao longo do dia. Parei para consulta e conversamos muito sobre isso, não é a toa que comecei a escrever as 8:40 da manhã e agora, algumas horas já voaram...
Um abraço saudável e hipossódico pra vc!
Ana
Oi Aureo,
ResponderExcluirAmei este post s/ alimentação e hipertensão!...
Já copiei o molho e pretendo usá-lo sempre. Sofro de hipertensão mas está controlada. Faço avaliação cardiológica todo ano, mas o que preciso mesmo é estar mais atenta à alimentação.
Obrigada pelo carinho e atenção p/ com os amigos e pacientes.
Um grande abraço da amiga,
Angela
Estimado Dr. Áureo!
ResponderExcluirEssa questão do ASS para "afinar" o sangue é um problema. Minha sogra é hipertensa, já teve um AVC, está plurimedicada e o médico, recentemente incluiu no rol de medicamentos o bendito ASS. Olha a confusão, ela tem refluxo e esofagite...
Semana passada levei para ela frutas, verduras, folhas orgânicas, temperos frescos, azeite de oliva e incentivei-a a cozinhar, (receita anotada, obrigada!) levei ainda um suco de Aloe Vera, para proteger mais essa mucosa e ajudar na digestão. Trabalho de formiguinha...
Grande abraço!
Dr. Aureo! Sempre contribuindo para o bem estar de todos.
ResponderExcluirEstou super feliz com os comentários colocados aqui. Vejam que linda lição nos traz Eny Feio! Fico desejando que as pessoas leiam a experiência dela para se interessarem mais pela alimentação correta. Gosto desta coisa de experiência pessoal. Pode até não ser estatisticamente representativo, porém toca quente a alma enquanto a fria (e mesmo correta) estatística dilui mtas vezes a consciência.
ResponderExcluirReleiam o comentário de Mecka. Ademais do que acrescenta em termos reflexivos, o fato interessante da pessoa que entrou na consulta justo qdo escrevia o que ilustrou o processo da escrita e da consulta. O mundo é cheio destas pequenas surpresas que nos apanham nas esquinas do tempo, como assaltantes do bem.
Como me mostram André e Ângela, vale continuar escrevendo pq existem mtas pessoas carentes das informações e enganadas qto à suposta (ou real) inocuidade das substâncias adicionadas aos alimentos industrializados (ou não, registre-se). Como no caso do AAS, mencionado por Mariana, que é a medicação mais usada no mundo, vista pela população como algo bem tranquilo, mas que pode fazer uma broca no estômago (se este está vazio). Claro que devemos lembrar, não é André e Mariana, que no mundo natural aí está a química e esta química não é necessariamente inócua. Cicuta é igualzinha ao quentro (ou é coentro?), mas mata. Nem sempre o natural é melhor, conquanto quase sempre é.
Parece ademais que esta idéia da receita é legal.
Para mim além de tudo foi um prazer saber que meus queridos colegas, William e Adriano leram este texto. Na loucura que é a vida de vcs, encontrar um tempo para leitura (exemplo a ser seguido). E ler justo o meu blog. Legal!
Recebam todos um abraço hipossódico (gostei dessa)
Sim, Áureo, é muito válido continuar escrevendo, mesmo as coisas aparentemente óbvias (e o óbvio é muito relativo). Eu mesmo nunca tinha atentado para o tal glutamato monossódico, e seu alerta é que me fez levantar as orelhas. A partir de agora (ontem, na verdade) elimino este intruso do meu cardápio.
ResponderExcluirAinda consumo alguns alimentos industrializados, como aspargos, palmito, ervilhas, queijo cottage, picles, e poucos outros menos cotados. Os picles já planejei fazer em casa, mas ainda não implementei. Espero ter tempo pra abolir de vez este aglomerado de "insumos industriais".
Obrigado pelo abraço hipossódico, que de modo algum é um abraço inssosso.
_Abraço retribuído.
Pois é meu amigo, realmente nós simplesmente deixamos de ver as coisas sob o nosso nariz! Outro dia em uma discussão sobre o uso da terra no Vale do Capão, o preposto do IBAMA me fez ver que as terras aqui não são tão extensas como eu imaginava. De repente olhei para um lado e para o outro, eu estava num vale!!!! Somos pirados! O nome não é Vale do Capão à toa! RSRSRS.
ResponderExcluirQuem mora em Salvador,atualmente, já pode se sentir ativo. Nada sedentário.
ResponderExcluirAqui virou uma academia ao ar livre e o esporte "da onda" é a corrida.
Eu, um pouco acima do peso, tenho praticado com alguma regularidade,esta modalidade de esporte, correndo de marginais.
A mais recente foi anteontem, quando, dois bandidos passaram por mim de moto e atacaram um rapaz bem na minha frente.
Como da outra vez, danei a correr no sentido contrário aos meliantes e não satisfeita com a corrida "pé batendo na bunda" ainda gritei em plenos pulmões: SOCORROOOOOOOO....hehhee.
Fiquei satisfeita, pois adrenalina pura me fez ver que nem bandido me pega.....Graças a Deus.
A mesma sorte não teve a vítima, um rapaz alto e forte que teve que dar os pertences aos dois meliantes.
Tudo isso diante de uma plateia de pessoas, que dentro de seus carros engarrafados, assistiam ao espetáculo sem nada poderem fazer, a não ser ligar para a polícia que nem deu as caras.
E assim consegui mais este Livramente. Neste hora, além de duas Medalhas Bentas de Nossa Senhora, eu tinha o meu Terço preço dentro da blusa, perto do meu coração.
Fiquei invisível, isso eu tenho certeza.
No mais, feliz Carnaval para todos e vamos rezar, porque só Deus para nos livrar de todo o mal, nesta cidade que está abandonada, feia, suja, fedorenta, desgovernada e violenta.
E como é Carnaval, a minha corrida dos bandidos, me lembrou a música:
"FOGE, FOGE MULHER MARAVILHA....kkkkk"
Abraços.
NOssa! Fiquei assustado com isso. E as pessoas dizem que eu tenho coragem por ter vindo viver no mato, como elas se referem.
ResponderExcluirCoragem é viver na cidade grande!