sábado, 25 de setembro de 2021

 


RECONCILIAÇÃO

Chegou o momento da reconciliação!

Nós seres humanos estamos diante de momentos dramáticos que nos levam (ou pelo menos a mim) a pensar seriamente na reconciliação.

Com a natureza, com a nossa natureza interna, com as demais pessoas, com a paisagem, a floresta, a vida enfim...

Temos vivido em guerra e isso é cansativo! É-nos fácil apontar erros em todos os lugares, menos em nós mesmos. E aquelas pessoas mais bondosas, dedicadas aos que carecem de ajuda, são com demasiada frequência capazes de julgar e condenar aos que não são tocados pela clemência, pela solidariedade. Não me refiro aqui apenas aos que são obviamente bandidos. Muitos são julgados e condenados pela opinião dos “bons” simplesmente porque sendo pessoas de boa índole não são combativas, ou ativas, ou militantes nas ações que se destinem ao bem comum.

Não estou mais tão interessado em que todos sejam militantes... Hoje quero que todos sejam de boa índole, que não queiram o mal, e se aceitem em paz, queiram o prazer de viver sem dívidas morais (aliás, materiais também), que cuidem de suas crianças e não maltratem quem não merece ser maltratado (todos os seres existenciais), e que busquem a benevolência.

E que não digam por aí que advogo contra a ativa ação social, ambiental etc. Admiro profundamente às pessoas que se dedicam a causas por um mundo melhor, admiro tanto que quando assisto um filme sobre um alguém que se dedicou com afinco a algo que acredita beneficiará a todos, choro de pura emoção.

Pois é... Precisamos olhar os demais com benevolência, Aprendamos. Quero muito aprender e peço ajuda. Sei que nós estamos indelevelmente ligados uns aos outros, sei em meu coração que quando um alcança um estado melhor no grau de alegria límpida, todos são beneficiados, toda a vida é beneficiada. Carecemos de um Mundo com benevolência, e, também de fazer da nossa vida um momento de reconciliação.

Um beijo no coração de vocês

Aureo Augusto

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

 

RAZÃO E CONFLITO

Estamos vivendo momentos difíceis no nosso planetinha e no Brasil, não é diferente. Tal como em outros lugares, estamos frequentemente divididos em grupos irreconciliáveis, incapazes de sequer ouvir o que o grupo oposto tem a dizer. Todos têm razão.

E esse é o problema!

Quando era bem jovem, ainda na adolescência, li um livro que marcou a minha vida e minhas escolhas desde então: “Anatomia da Paz” de Emery Reves.  Neste livro, o autor nos mostra os argumentos dos franceses, dos alemães, dos ingleses sobre suas motivações para ir à monstruosidade que ficou conhecida como Segunda Guerra Mundial. Todos tinham razão por isso a guerra.

Todos estavam com a verdade... e esse é o problema!

Nos ensina Anna Arendt que a pior forma de totalitarismo é o governo da verdade. Sim. Quando um determinado grupo político assume o poder, considerando-se único dono da verdade, todo o que discordar estará cometendo um crime de “lesa verdade”. Afinal a verdade é indiscutível. Mas quem em sã consciência se considera dono da verdade?

Religiões, partidos, grupos políticos, organizações sociais – muitos foram aqueles que se apossaram da verdade sem se dar conta de que esta suposta verdade não passava de opinião, ou seja, de ideologia. Uma ideologia é uma guia, jamais a palavra final (será que há palavra final?).

No fatídico século XX, as pessoas que queriam melhorar a vida dos seres humanos brigavam com palavras e atos – os mais escabrosos, às vezes – porque haviam aprendido que havia 2 grupos, o meu, que estava coberto de razão e o dos inimigos. Assim, a gente de esquerda chamava os outros de porcos chauvinistas enquanto a turma da direita dizia dos esquerdistas que eram criminosos que queriam o fim da pátria, da família etc.

No presente século, me pareceu que havíamos abandonado tais dicotomias, mas elas renasceram com força. Continuamos infantilmente acreditando nos contos nos quais havia um mocinho ‘só mocinho’ e um bandido ‘só bandido’.

Não nego que existem pessoas bem ruins, enquanto a maioria de nós somos seres mais voltados para o bem (embora o mal seja parte de todos). Mas continuamos escondendo a nossa sombra para poder, sem querer, vê-la no outro.

Lembro na década de 1970 quando estava na rua lá em Salvador, encontrei um amigo muito querido, bem mais velho do que eu. Ele estava de paletó e gravata pois trabalhava na IBM – e era exigência da empresa – eu usando uma roupa bem hippie. Conversamos animadamente e nos despedimos. Estávamos diante de um restaurante bem frequentado pelos universitários naquela época, o Avalanches. Fui em seguida ao restaurante e lá estavam amigos meus, que logo me questionaram por eu andar aos abraços e conversação animada com um burguês de paletó e gravata. Fiquei chocado, pois tinha amigos de tudo quanto era jeito, desde minha gente do bairro do Uruguai, onde nasci, até o povo rico o bastante para não saber o que era bairro do Uruguai.

Não via nada mais do que amizade! Não contemplava a ideologia; o amor, incluso o amor amizade não conhece ideologias. Por sorte segui com meus amigos e não me filiei a ideologias – o que não me impediu de julgar outras pessoas em outras situações coisa que mais tarde vi como era uma bobagem sem tamanho (o que não significa que não continue fazendo essa bobagem).

Ninguém tem só um lado em seu corpo. Temos um lado esquerdo e um lado direito, e é isso que nos forma! Escutemos ambos os lados, escutemos ao que está à frente e atrás, em cima e embaixo, ou seja, escutemos com o coração.

Aureo Augusto, em 07ago21