Frequentemente os costumes populares vêm da relação do ser
humano com a natureza, ou de acontecimentos antigos nas sociedades. Um exemplo
é a capoeira que, todos sabem, é uma dança e uma luta que se desenvolveu como
uma forma de defesa. A gravata que até algum tempo atrás era adereço masculino
obrigatório foi adotada pelos franceses quando foram apoiados por tropas
sérvias no século XIX que usavam lenços no pescoço. Os franceses adotaram, modificaram
e logo foram imitados pelo resto do mundo.
Mas tem alguns costumes que nos provocam interrogação. Uma
vez fui fazer um parto lá no Bomba (a parte mais ao sul do Vale do Capão, antes
chamada de Coruja – o povo não gostava deste nome e mudou – já perto da subida
dos Gerais). O processo demorou um pouco e a mulher acabou ficando cansada.
Mas, embora demorado, estava dentro da normalidade, afinal cada mulher e seu
bebê tem seu ritmo. Estava aguardando quando D. Maria, parteira que também
estava comigo, procurou uma calça do pai da criança. Fiquei curioso. O marido
da parturiente trouxe uma calça, mas estava limpa, recém-retirada da gaveta.
Não servia. Tinha que ser usada, não precisava ser imunda, mas usada.
Quando o rapaz trouxe a calça, a parteira fez uma rodilha e
pôs sob a mulher que estava de cócoras. Para ela isso acelerava o parto.
Continuei esperando e matutando sobre qual a causa ou qual o
simbolismo naquela atitude. Depois de muito pensar ocorreu-me que, conquanto
durante a dilatação a mulher fique bastante introspectiva e até mesmo abstraída
do mundo, o processo de expulsão marca um retorno ao mundo, a uma conduta mais
ativa, já que uma vez que a criança nasce a mãe deverá estar bem atenta a
possíveis problemas para a criança. Quando vivíamos nas matas, este era um
momento frágil e os predadores poderiam se aproveitar. Talvez intuitivamente se
faça uma associação entre esta conduta mais, digamos, agressiva, e a calça do
marido que pode simbolizar a força ativa, a adrenalina que chega neste momento.
Claro que esta minha elucubração pode ser pura viagem, oxalá os leitores me
tragam explicações melhores.
Em tempo: O parto aconteceu na boa, mas não vi nenhum
aumento do pique com o uso calça do marido.
Aureo Augusto.
Se tem em sua casa uma visita chata, pegue uma vassoura e bote ela com os pêlos para cima e aí coloque uma rodilha de qualquer pano, depois a coloque atrás da porta da cozinha. A visita vai embora logo. Já fiz e deu certo.
ResponderExcluirmto legal essa! vou ficar atento (rsrsrs)
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ResponderExcluirCreio que quando está acontecendo uma situação crítica, nossa mente libera
a mensagem de "faça alguma coisa!", e aí alguns só se lembram de ações
inócuas, às vezes aprendidas na infância. Algumas dão certo, né?
Abraço.
Pelo menos alguma coisa dá certo. Porém acredito que algumas destas propostas (não todas evidentemente) são fruto de uma conexão intuitiva.
Excluirabraço
Aureo Augusto