As denúncias de mal atendimento do poder público à saúde são
inúmeras e o mais das vezes fundadas em fatos reais. Aqui em Palmeiras vivemos
uma situação triste no quesito saúde. Os motivos são muitos, e nem sempre a
corrupção tem o primeiro lugar como causa de desserviço. Inoperância, descaso,
manipulações eleitoreiras, tudo isso tem o seu papel. Além da prefeitura,
muitos funcionários não entendem claramente qual deveria ser o seu comportamento
como servidores públicos e dão sua triste contribuição para que a população
sofra. Porém hoje quero comentar algo relacionado com a pessoa a ser atendida,
que também acaba por tratar mal a si mesma.
Há aqui uma mulher que acompanho há muitos anos e sempre me
preocupou. Ela é simpática e desleixada com a saúde. Mais de 10 anos atrás
quando tentei mostrar para ela o risco que corria pelo fato de ser jovem e
hipertensa ela foi bastante debochada, usando frases do tipo “todo mundo um dia
morre”. Aliás, tomou a mesma atitude com um colega, Dr. Ricardo, que
acompanhou-lhe uma das gestações, e também se preocupou com a hipertensão (que na
gravidez é algo sério). O tempo passou e outros médicos também se preocuparam e
ela continuou descontinuando o uso das medicações...
Como esperado tudo foi piorando. Seu sofrimento fez com que voltasse
a atenção para si mesma. Porém, em que pesem as admoestações do pessoal da
saúde, nem sempre, ou quase nunca segundo a agente comunitária que a acompanha,
seguia com rigor as recomendações dietéticas e medicamentosas.
Recentemente fortes dores de cabeça a fizeram vir ao posto. Por
alguns dias tentei debalde, usando diversas medicações, reduzir os níveis
tensionais de modo que a encaminhei para internação. A prefeitura providenciou
transporte e internamento. Chegando à clínica, o cardiologista fez uma
medicação e pediu que esperasse para verificar se seria necessário mesmo o
internamento. Ela então aproveitou o transporte grátis para fazer compras em
Seabra e retornou pra casa sem voltar na clínica.
No domingo encontrei-a na feira, ainda com dor de cabeça. Ela
sempre se queixa dos políticos, e da prefeitura; muitas vezes disse para mim
que tentou fazer os exames que eu solicitava, mas não conseguiu, pois não dispunha
de recursos e tampouco do apoio da prefeitura. E agora?
Recebam um abraço de Aureo Augusto.
E agora? Quem não aprende pelo amor, vai aprender pela dor, claro doutor...(até que rimou..rsr).
ResponderExcluirO que se observa é um desserviço gritante em todos os setores públicos, especialmente a saúde. Profissionais que antes de entrarem para o sistema público, juram todo os tipos de comportamento para o bem mas qdo lá dentro já estão....aprontam.
É triste, especialmente na saúde pública, ver tanto descaso, tantos mau tratos, enfim.
Salvam-se pouquíssimo portanto, salve-se quem puder.
No caso desa pessoa, motivo do seu post, eu conheço várias em Cações, com este perfil. Eu tenho uma cumadre, hipertensa crônica, obesa, diabética, com problemas nas articulações que não perde tempo em mariscar, faz comidas cheias de sal e gordura e totalmente sedentária e "se esquece" da medicação e nem procura o remédio alternativo. E depois se queixa....
Há mais de 15 dias, precisei ser socorrida devido a uma dor fortíssima "na boca" do estômago. Graças a Deus tenho um plano de saúde de ponta e fui atendida na Emergência do Hospital da Bahia.
O médico, jovem ainda, me recebeu com uma cara de nem sei o que, todo fechado e, grosseiramente, nem respondeu ao "boa noite" de meu esposo que gentilmente o cumprimentou.
Eu que não sou fácil, passei a gemer alto, fazendo mais do que era, me contorcendo e pedindo remédio logo. Ele ficava cada vez mais irritado com tudo isso.
Fui medicada, melhorei e fui encaminhada a outro médico que me liberou. Totalmente diferente do primeiro, eu fiz o comentário sobre o colega mau humorado.
Abraços
Cara Jussiara,
ResponderExcluiré uma pena que a nossa população confunde medo com respeito. Um profissional, como o médico, que estudou mto e cuida de pessoas, merece todo o nosso respeito, mas não merece o nosso medo. Nossa gente tem medo de protestar contra certas atitudes perpetradas pelos médicos e chamam isso de respeito, o que é um desserviço, tanto para a própria pessoa qto para o médico que precisa aprender mais sobre o que é servir e o que é tratar.
abração
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