sábado, 17 de agosto de 2013

UNIDADE PSICO-FÍSICA e ÔMEGA 3

Nairania, jovem do Capão, disse que às vezes percebia que sua pele estava triste e me perguntou se isso era possível. Respondi que sim, pois que a tristeza não é algo fora do corpo. A tristeza pertence a todo o nosso ser. Achei de uma beleza triste aquela jovem com o olhar distante falar-me isso em uma consulta. Conversamos bastante sobre esta tristeza. Sobre suas tristezas e de como o corpo na tristeza perde a saúde.

Esta constatação de Nairania é bem interessante uma vez que desde que o saber científico nos iluminou a existência, o mundo se partiu em pedaços materiais e não materiais. Dicotomizamos universo, construindo frações discretas e muitas vezes incomunicantes. Vai daí que certa feita um rapaz estava no leito sofrendo uma afecção e ao percebê-lo tenso e buscando acalma-lo, lhe disse que ficasse tranquilo. Ele me respondeu que ele estava tranquilo, seu corpo é que estava tenso. Esta resposta é fruto da enorme penetração que o pensamento científico alcançou na maneira de entender o e viver no mundo.

Tal fato resultou em enorme bem para a humanidade. Não fossem os iluministas estaríamos presos a teorias obscurantistas e ainda acreditaríamos que algumas pessoas são melhores do que as demais, podendo mandar, tripudiar, ter poder de vida e morte sobre as outras, porque fazem parte desta ou daquela família aristocrática divinamente escolhida. Hoje em praticamente todo o planeta qualquer pessoa exige ser respeitado enquanto ser humano, reconhece-se como individualidade, quer justiça igual para todos. Não foi a religião, nem a bondade dos governantes que fizeram isso, foi o desenvolvimento do pensamento independente propiciado por pessoas com a mente livre que, muitas vezes, foram perseguidas por suas ideias.

Mas como somos seres falíveis, com os acertos apreendemos erros. Vai daí que um jovem acredita que está tranquilo quando o seu corpo está tenso. Pensa que o corpo é um algo lá fora de si. Fora de si esse jovem vive. De outra parte, uma jovem, em uma pequena localidade do interior da Bahia, redescobriu que seu corpo sente tanto como sente sua parte emocional. Mais um pouco e ela se dará conta de que não há separação e que somos uma unidade. O mundo está dando mais uma de suas voltas e podemos novamente nos ver como seres íntegros e não partidos, sem deixar de lado as conquistas que a mente científica propiciou.

E a ciência nos tem trazido marcos de como há uma união entre nossos aspectos físicos e psíquicos. Sabemos que quando estamos felizes ficamos mais resistentes às enfermidades infecciosas. Também a glicemia e a resistência da pele melhoram. A circulação mostra-se mais efetiva... As vantagens corporais decorrentes de um estado psíquico são inúmeras. Recentes estudos descobrem que a depressão (que é um estado psíquico) pode estar relacionada com a deficiência de ômega 3 (w3), uma substância química.

Um exemplo disso é o caso da depressão pós-parto. No fim da gestação e na amamentação a criança tira muito w3 de sua genitora que assim pode ter deficiência da substância. As mulheres que têm deficiência de w3 têm mais possibilidade de ter depressão. Pensar que uma coisa física pode contribuir tão diretamente para uma doença psíquica nos remete à unidade somato-psíquica.

Aliás, a depressão é um problema sério no mundo e alguns estudiosos acreditam que pode ser uma inflamação crônica dos neurônios, talvez por queda do w3, já que a nossa dieta está pobre neste insumo.

Alguns estudos sugerem que depressão pode ser uma forma de doença autoimune, como o reumatismo. Sendo confirmada esta teoria vou achar bem interessante porque na iridologia há um sinal que corresponde à tendência a reumatismo e ao mesmo tempo a tendência à melancolia. Outro sinal de que somos unos. E o w3 é antirreumático.

Tá bom, você leitor, deve estar querendo saber fontes de w3; aí vai: sementes de linhaça, óleo de linhaça (mais de 50% dele é w3), óleo de canola, de cânhamo, todas as verduras, principalmente beldroega e agrião, algas marinhas, espirulina etc. Aqueles que não são vegetarianos o encontram em óleo de peixe e em peixes pequenos.

Os óleos vegetais em geral são ricos em w6 que é útil, mas em menor quantidade, já que é oposto ao w3. Azeite de Oliva não tem nem um nem outro.

Legal saber que somos uma unidade, não é? Recebam um abraço unitário de Aureo Augusto.

4 comentários:

  1. Nairânia, triste, no Capão???

    Que pena.

    Mas eu a entendo. Este lugar é muito forte em todas as energias. Eu senti um misto de emoção, quando estive aí no Festival de Jazz. Não senti uma alegria imediata. Apenas, emoção. Não sei explicar. Foi uma vontade de ficar, dá um tempo. de ficar para sempre. Foi uma vontade voltar logo, para o meu aconchego. Sei lá. Me lembrou o útero de mainha??? Querendo ficar, pelo prazer, pela segurança mas sabendo que eu não poderia ficar pois o mundo me aguarda..Nossa, foram inúmeras sensações. Senti até falta de ar. Mas foram sensações passageiras, rápidas demais. E senti uma inquietude imensa, caro amigo. Talvez a mistura de pessoas. Sou meio "índia", neste sentido. Gosto do acolhimento, de tribo mas tenho receio de muita gente estranha ao meu redor. Senti-me grata e feliz, ao ser recepcionada, logo de cara, pela cantoria de João Bosco. A nossa chegada, a música, a chuva fina, o frio intenso. As pessoas, quase todas como eu, agasalhadas até o nariz e eu ali, entre feliz, espantada, agoniada, querendo respirar e olhando, com estes meus olhinhos miúdos e apertados, meus olhos negros, curiosos, a prescrutar tudo e a me perguntar: Cadê a energia daqui, meu Deus? Aonde está o que eu esperei encontrar aqui? Procurei, procurei pelas montanhas, por sua casa, por Lothlorien e nada. Ninguem sabia de informar. Daí o sol espichou uma pontinha e a neblina se dissipou. Eis que, as montanhas. Sim, eu estava em um vale, lá embaixo. Contrariando as minhas expectativas, pois eu, nem sei de onde tirei isso, achava que o vale, era no alto. No planalto. Mas, aos poucos, fui me apresentando, respirando e observando. Do nada, fui me encantado. Encante-me logo com uma casinha linda. Uma porta, uma janela e cor de rosa. Toda eu. Pequena e arrumadinha...rsrsr...Quis comprar, quis me mudar, quis ir morar aí neste vale cheio de amor. Mas....ora se mais, ali é o útero de mainha e eu não poderia ficar ali para sempre. Os meus não foram tocados, apenas a namoradinha de meu filho e eu. Na hora do almoço. a comida de dona Beli. Pratos obcenos, de tão cheios, de uma comida cheirosa e deliciosa. Tudo limpo e cheiroso. E eu ali, olhando aquele prato cheio em todos os sentidos, olhando à volta e o mundo se encontrou ali, na sala de dona Beli. E eu não comi. A fome tinha se ido. Eu não consigo comer um prato assim, tão cheio. Mas a fome tinha se ido, para desespero de meu marido que não entendia a minha falta de apetite. Logo, eu...rsrrs...que amo comer. Mas eu estava tocada. Ali, a partir daquele momento, eu não queria mais voltar. Queria ficar. E eu não poderia ficar. Logo a minha velha conhecida angústia, tb quis participar do regalo. Sou movida a música e para cada ocasião, uma bela seleção de música de qualidade. São new age, tribais, sacred spits, flautas peruanas. E para esta viagem, as músicas peruanas reflexivas e new age, foram as selecionadas. E uma, em especial, tocada e repetida exaustivamente, no meu fone de ouvido, marcou a minha ida a Vila do Capão. Dias depois, já em Salvador, foi um processo. Muitos choros e quiçá, uma tristeza, uma tristezinha da certeza que, pra aquele útero, eu não posso morar mas, feliz e pedindo a Permissão ao Grande Espírito, de poder voltar sempre.....

    Então, seria essa, a tristeza na pele dessa moça? Será que ela quer sair do útero, nascer, renascer? Seria ela, o inverso de mim?

    Desculpe-me, amigo, por encher seu posts com meus escritos.

    Adoro ler seu blog.

    Receba um abraço uterino....

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    1. Amei montanhas esta sua carta!
      Mto legal. Várias pessoas, incluso eu mesmo, se referem ao Capão como útero e seu aspecto geográfico nos remete a esta imagem. O psicólogo Braulino Peixoto (que é diretor da DIRES) diz que o Capão é "o útero geográfico da Bahia". Viajei nas suas sensações e impressões. Foi ótimo ter ido comer em Beli, pq a família dela (e ela claro) é deliciosa. Não só a comida, mas o jeito, a maneira de falar, de fazer as coisas. São pessoas muito dentro do meu coração.
      Não há dúvida que vc remeteu-se ao útero de mainha, como diz, não há dúvida e depois, naturalmente veio a saudade. Mas o Capão não saiu daqui. É só voltar.
      receba um abraço bem legal.

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