sexta-feira, 24 de julho de 2015

SÃO JOÃO 2015 terceira parte

Como vimos nas duas últimas mensagens, o São João aqui no Vale do Capão segue delicioso, mas aconteceu algo bem estranho, quando um rapaz tomou atitudes bem bizarras e a polícia deixou-o ir-se. O dono da pousada estava presente e queria registrar com os policiais o que aconteceu em seu lugar de trabalho, afinal teve prejuízo material. Um dos policiais havia comentado que não sabia onde o poria uma vez chegando a Palmeiras, sede do município aonde está o Vale do Capão. Mesmo assim havíamos pensado que seria bom procurar o prefeito para pedir ajuda quanto a isso. Mas o fato é que o sujeito se foi.

No dia seguinte várias pessoas me telefonaram porque o mesmo rapaz estava desfilando na rua completamente nu, em atitudes acintosas e teve uma pessoa que disse que havia posto uma flor no ânus. Enfim, uma coisa bem estranha. Já aconteceu de uma pessoa ficar nua em um momento de crise psicótica aqui no Capão, mas era uma mulher que até aquele momento nunca havia tomado nenhuma atitude desabonadora e era bastante querida por todos. O povo protegeu-a, cuidou-a até que se recuperou. O caso aqui era outro, pois todos sabiam do que ocorrera na noite anterior e já havia um clima de revolta e de apreensão quanto às atitudes do rapaz.

Após algum tempo do triste espetáculo, o povo decidiu imobiliza-lo e chamar a polícia (novamente). Não estava lá, mas me informaram que foi uma luta dura e o rapaz deu muitos pontapés na porta da igreja até que o amarraram e cobriram com um pano. Quem assistiu ficou chocado. A luta deve ter sido um momento bastante desagradável para quem dela participou e para quem assistiu. O rapaz depois foi conduzido para o posto, mas aí já estava calmo.

Quando a polícia chegou manifestou a preocupação quanto ao lugar onde ficaria o sujeito. Pelo que entendi, a delegacia de Palmeiras está inativa e também o rapaz não era um caso de polícia e sim de saúde (mental, no caso). Por telefone conversei com a secretária de saúde que também estava preocupada, inda mais que a família que havia dito que viria busca-lo no dia seguinte, havia desistido e iria entrar na justiça, para através do ministério público (?) recambia-lo para sua cidade de origem.
Todos ficaram impressionados com isso, pois os laços familiares aqui são muito fortes. Perguntei-me quantas vezes isso teria acontecido e a que ponto a família já está desesperada, cansada, sofrida...

Uma lição para nós é que precisamos nos preparar para estes casos. A pequena cidade de Palmeiras vem sendo muito visitada, pois é bonita e hospitaleira, tem áreas especialmente belas, como o Morro do Pai Inácio, os Gerais, os povoados de Campos de São João, Conceição dos Gatos, Lavrinha (onde o povoamento começou), sem contar o meu amado Vale do Capão.

Apressadamente podemos acusar a prefeitura de descaso. O descaso não é de hoje em Palmeiras, mas nem sempre pecamos por este motivo. Penso que o principal é a ignorância das novas demandas. Antes era relativamente inócuo certas faltas. Mas com o afluxo de turistas e imigrantes, além da melhoria da economia local, vêm desafios que escancaram a nossa incompetência aos olhos da crítica alheia, bem como da autocrítica.


Recebam um abraço pensante de Aureo Augusto.

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