Como vimos nas duas últimas
mensagens, o São João aqui no Vale do Capão segue delicioso, mas aconteceu algo
bem estranho, quando um rapaz tomou atitudes bem bizarras e a polícia deixou-o
ir-se. O dono da pousada estava presente e queria registrar com os policiais o
que aconteceu em seu lugar de trabalho, afinal teve prejuízo material. Um dos
policiais havia comentado que não sabia onde o poria uma vez chegando a
Palmeiras, sede do município aonde está o Vale do Capão. Mesmo assim havíamos
pensado que seria bom procurar o prefeito para pedir ajuda quanto a isso. Mas o
fato é que o sujeito se foi.
No dia seguinte várias pessoas me
telefonaram porque o mesmo rapaz estava desfilando na rua completamente nu, em
atitudes acintosas e teve uma pessoa que disse que havia posto uma flor no
ânus. Enfim, uma coisa bem estranha. Já aconteceu de uma pessoa ficar nua em um
momento de crise psicótica aqui no Capão, mas era uma mulher que até aquele
momento nunca havia tomado nenhuma atitude desabonadora e era bastante querida
por todos. O povo protegeu-a, cuidou-a até que se recuperou. O caso aqui era
outro, pois todos sabiam do que ocorrera na noite anterior e já havia um clima
de revolta e de apreensão quanto às atitudes do rapaz.
Após algum tempo do triste
espetáculo, o povo decidiu imobiliza-lo e chamar a polícia (novamente). Não
estava lá, mas me informaram que foi uma luta dura e o rapaz deu muitos
pontapés na porta da igreja até que o amarraram e cobriram com um pano. Quem
assistiu ficou chocado. A luta deve ter sido um momento bastante desagradável
para quem dela participou e para quem assistiu. O rapaz depois foi conduzido
para o posto, mas aí já estava calmo.
Quando a polícia chegou
manifestou a preocupação quanto ao lugar onde ficaria o sujeito. Pelo que
entendi, a delegacia de Palmeiras está inativa e também o rapaz não era um caso
de polícia e sim de saúde (mental, no caso). Por telefone conversei com a
secretária de saúde que também estava preocupada, inda mais que a família que
havia dito que viria busca-lo no dia seguinte, havia desistido e iria entrar na
justiça, para através do ministério público (?) recambia-lo para sua cidade de
origem.
Todos ficaram impressionados com
isso, pois os laços familiares aqui são muito fortes. Perguntei-me quantas
vezes isso teria acontecido e a que ponto a família já está desesperada,
cansada, sofrida...
Uma lição para nós é que
precisamos nos preparar para estes casos. A pequena cidade de Palmeiras vem
sendo muito visitada, pois é bonita e hospitaleira, tem áreas especialmente
belas, como o Morro do Pai Inácio, os Gerais, os povoados de Campos de São
João, Conceição dos Gatos, Lavrinha (onde o povoamento começou), sem contar o
meu amado Vale do Capão.
Apressadamente podemos acusar a
prefeitura de descaso. O descaso não é de hoje em Palmeiras, mas nem sempre
pecamos por este motivo. Penso que o principal é a ignorância das novas
demandas. Antes era relativamente inócuo certas faltas. Mas com o afluxo de
turistas e imigrantes, além da melhoria da economia local, vêm desafios que
escancaram a nossa incompetência aos olhos da crítica alheia, bem como da
autocrítica.
Recebam um abraço pensante de
Aureo Augusto.
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