quarta-feira, 24 de novembro de 2021

PENSANDO AQUI NA VIDA

 
Dizem que a vida é uma escola e estou inclinado a acreditar nesta afirmação. Porém, observando com cuidado, percebo que há diferença marcante entre a escola da vida e as outras. Vejo as crianças se formando felizes recebendo o título de conclusão do curso fundamental. A alegria do diploma!

A promessa é que quanto mais diploma, mais ascendemos social e economicamente. No entanto, nem todos acreditam nisso, e em parte porque é patente o fato de que tem é gente diplomada e desempregada ou que recebe salários irrisórios.

Não quero dizer que um diploma não serve pra nada, até porque é uma sensação muito agradável e mesmo emocionante ter nas mãos um papel que atesta uma conquista alcançada com esforço. Em certa medida o diploma é por si só um prêmio (ainda que nem sempre seja algo lucrativo) como podemos ver nos rostinhos sorridentes e expectantes das crianças do fundamental se formando.

Há uns anos recebi um título de Comendador da Ordem do Mérito Médico Nacional, do Ministério da Saúde. Quando recebi a comunicação de Brasília e o convite para ir lá receber o as medalhas e o diploma (isso foi importante), não fazia ideia do que era ser um comendador. Meu filho, que tende a ser iconoclasta, pesquisou para me dizer e me veio com a resposta:

                – Ah, pai! Isso não passa de um título honorífico – e completou com pragmatismo – não dá dinheiro nenhum.

E disso rimos bastante, mas para mim, isso poderia chamar a atenção da mídia e então aproveitar para defender o SUS, o que traria, como trouxe, validade ao título. Convém não deixar de lado o fato de que tive uma satisfação pessoal ao pensar que, não sei por quais vias, um médico que labora num povoado na zona rural de uma cidade pequena no centro da Bahia chamou a atenção, por seu trabalho às autoridades federais. A satisfação do diploma! A sensação de que algo fiz...

Ganhar diplomas tem seu brilho... mas... voltando a tratar da escola da vida, devemos lembrar que o pior mesmo dessa escola é que quando chegamos ao final não rola diploma algum!!!

Tenho certeza que deste último parágrafo podemos exarar vários pensamentos profundos, mas destes fico com um (não tão profundo, convenhamos):

Já que é assim, e não recebemos um belo papel assinado pelo diretor da escola da vida, pelo menos aproveitemos o que há nela, como o recreio, a camaradagem com os colegas e a beleza do cenário (aqui no Vale do Capão então...), pois dessa estranha escola só escapamos com a morte.

Aureo Augusto

2 comentários:

  1. Caro Doutor, os diplomas nós são dados diariamente e o reconhecimento de sua valia é, antes de tudo, pessoal.
    O detalhe é o auto reconhecimento, visto que, assim como aprendemos letras, números e a montar para esse equações, somos ensinados que uns títulos são mais valiosos que outros, que quem recebe mais pelos títulos que tem, igualmente, vale mais.
    O conheço, por amigos próximos, desde os anos 1990, e tenho plena consciência de que tem títulos aí da maiores que este, em particular.
    Seu trabalho diário não é com doentes ou doenças, mas seres humanos e com o quê os move.
    Fraterno abraço!

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    1. Grato de coração por tuas belas palavras com as quais concordo totalmente.
      Em realidade, sei que todos nós, seja qual for a profissão, dê-se conta ou não, trabalha com pessoas.
      Receba o meu abraço

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