terça-feira, 19 de abril de 2022

FILHAS E FILHOS DAS ESTRELAS

 


Parei um pouco o que fazia, pois o sol oblíquo da tarde chamou-me à janela.

As árvores, a luz parecia que saía delas (e saía), as folhas tremulando ao passo dos raios que abençoavam a terra úmida pelas últimas chuvas.

Sabem meus amigos? Tenho a impressão de que no mundo, digo melhor, no Universo, há um algo, um Grande Mistério, um Quê que não conheço e que é incognoscível, até porque para nós pode ser difícil conciliar a ideia de um Algo tão vasto que, como tal, se basta a si, e ainda assim tem um quê de pessoal com cada um de nós e toca a cada um dos seres existenciais como uma Fonte de onde flui tudo e a si. Uma Grandeza infinita, impessoal, uma beleza maculada de existir e de viver.

E quando o sol paira com sua luz tocando a mata de raspão, tangenciando a nossa vida, nas tardes depois das chuvas e quando a noite me presenteia com sua rajada de estrelas, olho pasmo e agradeço. Sei que sou escutado ao tempo em que sei que estou só. Sei que sou o responsável por mim e por tudo o que comigo acontece, mas de alguma forma habito a palma da mão do Inominável.

Uma amiga minha, a quem amo muito e sei que é recíproco, quando contei pra ela de onde vinham os elementos químicos que nos formam, quando disse das estrelas moribundas que explodiam espalhando carbono, hidrogênio, ferro, oxigênio etc. por todo lado ela me olhou surpresa dizendo que pensava que esse papo de que somos feitos do pó das estrelas era mera metáfora.

O legal é que a verdade pode ser uma metáfora!

Nesse instante dá-me de saber que todos nós, filhas e filhos das estrelas, todos nós, somos filhos e filhas das estrelas, como estrelas, iguais e diferentes, como estrelas destinados a brilhar (sem fantasias – pois brilhar é apenas ser, seja como for).

Beijo no coração

Aureo Augusto

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