Uma conhecida minha explicava a alguém como fazer certa
comida. Esta conhecida vive de mandar marmita há muitos anos em uma capital.
Depois que se despediu ela me confidenciou que quando ensinava alguma receita
dela para alguém nunca dava o “pulo do gato”, pois qualquer pessoa poderia ser
uma concorrente futura.
A declaração me assustou, já que aprendi (principalmente com
meus pais) que partilhar nunca é prejuízo. Mas, estávamos em um shopping e
olhando ao redor percebi como era viável naquele lugar tal tipo de pensamento.
Um filho e duas filhas da minha prole trabalharam em shoppings e com eles
aprendi como são as relações trabalhistas ali, como é a busca da vantagem.
Nada contra o lucro, não acho ruim que o comerciante ganhe,
aliás, pelo contrário, acho muito legal, podendo, obviamente, como tudo, ser
letal. A busca de lucro acima do reconhecimento de que somos todos uma
humanidade e aquilo que a um afeta, a todos toca, é causa de muitos males.
Agora estou aqui em casa, uma casa como qualquer outra, só
que cercada de mato... no mato não há sinal de lucro. A natureza tudo oferta, é
como se soubesse que não há em seu seio a possibilidade de não interferir no
viver de todo o mais.
Está claro que na natureza a onça caça o coelho, que este come
as plantas, estas usufruem da morte de outros seres, cujos corpos foram transformados
pelos micro-organismos do solo. Enfim, na natureza a onça no fim é comida de
planta. No círculo da vida, todos somos quem come e quem é devorado, a seu
tempo.
Na natureza tudo é um circo, um círculo, tudo coberto pela
tenda da infinidade das relações, um tecido complexo no qual nada sobra e nada
é demais.
A humanidade sobreviveu apenas porque soube partilhar.
Somos, enquanto animais, seres fracos, não temos a agilidade dos gatos ou a
força dos cavalos, tampouco nos assustamos com gatos ou cavalos e inclusive
elefantes (bem mais fortes que cavalos) podem ser domesticados. Mas tudo o que
somos e temos, começou com o fato de que compartilhamos com os demais aquilo
que coletávamos ou caçávamos. Não é conveniente que esqueçamos isso apenas
porque vivemos em uma sociedade pautada na competição.
O “pulo do gato” é um “tiro no pé”. Acho isso divertido de
pensar!
Grato por estar aqui comigo.
Belíssima reflexão, dá para entender sim o comportamento daquele que não ensina o "pulo do gato". Mas imagine que, um dia, aquele que sabe o "pulo do gato" não consegue mais cozinhar, e de repente sente uma vontade ENORME de comer aquela comidinha deliciosa que só ele/a sabia fazer...
ResponderExcluirUAUUUUUUU!!!! É mesmo... Vixe!
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