quinta-feira, 12 de novembro de 2009

MUITA COISA

Algo me diz que estou com coisas demais na cabeça. Esse negócio de trabalhar em um lugar muito legal, como o PSF (posto de saúde da família), está me gerando uma quantidade de tarefas grande e de repente percebo-me algo sobrecarregado. Vejam o que aconteceu há pouco no posto:
Na reunião da equipe Neide, uma das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS), me disse que há necessidade de fazer visita domiciliar a dois idosos que apresentam um quadro de hipertensão (pressão alta). Expliquei que está difícil neste momento cumprir esta deliciosa obrigação por causa da sobrecarga. Como as medicações que eles usam está para acabar, e na impossibilidade de vê-los, combinamos que desta vez apenas renovo as receitas do casal para que não parem de usar os remédios e assim que possa os visito. Isso Rozeli (ACS) me cobrou visita para outro idoso e nem deixei Marlene (ACS) cobrar minha ida a uma outra idosa acamada em sua área, pois já falei logo que ontem fui com Gleiton (o enfermeiro) ter com ela e já orientamos a família quanto ao que fazer. Então, terminada a reunião, Neide de imediato trouxe a minha sala as fichas dos dois idosos, entregou-me nas mãos e falou que só estava me esperando para seguir suas tarefas. Naquele momento estava fechando uma frase do relatório da reunião no computador. Alguns minutos depois atendi a uma senhora com uma dor na perna. Terminada a consulta saí e chamei a senhora cuja ficha Neide tinha colocado em minha mesa junto com a do marido. Então outra pessoa que estava na sala de espera me disse que ela tinha chegado primeiro até do que aquela senhora que eu havia atendido, e que ela não se importou dada a idade da mulher. Então a atendi. Quando saí chamei novamente as pessoas que apenas deveria fazer a ficha. Como todos perceberam meu erro começaram a rir, as ACS, Marilza, a enfermeira, e ao se dar conta do que acontecia, até o povo na sala de espera. Só então me contaram o que se passava. Neste momento no posto todos se esqueceram de seus achaques ou de seus trabalhos (no caso dos funcionários) e todos juntos nos pusemos a rir gostosamente. Naturalmente que ninguém reputou meu equívoco ao fato de estar com muita coisa na cabeça e sim aos meus cabelos canosos (para os mais jovens, canoso é o cabelo branco no linguajar de antigamente). O episódio pelo menos serviu para divertir às pessoas que sofrem e que vem aqui nos visitar, o que, em muita medida é também uma cura.
Mas o fato é que não posso me permitir estar fora de mim. Não é difícil ausentar-se de si, ainda mais para um tipo um muito esquizóide como eu, mas estar dentro deste corpo e aqui neste delicioso lugar é muito bom, em nenhum momento devo desperdiçar esta oportunidade.
Recebam um abração, Aureo Augusto em 12/11/09.

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