Para aqueles que vivem na cidade grande, a chuva, o mais das vezes é um abuso. O lixo largado a toa compromete do sistema de esgotamento, as inundações são comuns, o transito fica mais caótico, a roupa molhada nos ônibus apertados... Os pintores impressionistas fizeram belas imagens da chuva em Paris, da névoa em Londres, do belo efeito da garoa sobre a paisagem urbana. Mas, naquela época as cidades ainda experimentavam a explosão de população, havia, portanto, aquela sensação de novidade de modo que os problemas sociais e a miséria que já existiam ficavam um pouco minimizados. Na verdade, a grande cidade antes da revolução industrial já era terrível para o pobre (e, às vezes, mesmo para o rico). Os carros, a iluminação pública, o serviço de esgotamento, melhoraram as condições de vida para todos, até que o crescimento fez com que a cidade se tornasse algo monstruosamente grande, maior do que os sonhos.
Mas, falava da chuva. Para quem vive no campo a chuva é uma benção. O dia de São José é esperado neste nordeste de pouca água. Noto, aliás, qualquer pessoa com mais de 30 anos por aqui, que a chuva tem reduzido aqui no Vale do Capão. Antigamente esperava-se a chuva das águas desde finais de novembro e sabíamos que a coisa não seria de pouca monta, e não era. Agora temos notado que não vem. Não chove mais como antes. Por isso Cybele e eu ficamos com os corações felizes nesta noite escutando o ronco da trovoada e a força da chuva que caiu grossa como cordões de prata.
Agora olho pela janela e vejo as flores das quaresmeiras agitadas pelo vento, como que lutando contra a agitação para beber a água da chuva, agora transformada em garoa. Há um silêncio no mundo, um silêncio povoado de goteiras! A luz é diferente.
Quando o sol bate forte, sua luz é avassaladora. Quando chove e nasce o dia, a luz se torna difusa e penetra suave, parece que emana das coisas.
OUTRA COISA:
Estamos em plena época das quaresmeiras. Estas flores dão ao Vale um charme todo especial. O legal é que há uma outra planta, o São João, que também tem sua floração nesta época. Suas flores são amarelas, vai daí que o carmim, violeta, roxo, magenta das quaresmeiras se mistura ao amarelo forte do São João. Fica especialmente bonito. Você não pode perder!
Este ano a coisa ficou melhor porque estamos fazendo o festival da quaresmeira durante todo o mês de abril. Teremos exposição, muitas apresentações de música, de artes circenses, teatro, dança, muita coisa, muita mesmo! Eu estarei fazendo uma exposição de pintura, com o título A CANÇÃO DAS QUARESMEIRAS, no restaurante Casa das Fadas. Vai ficar todo o mês. Venha!
Receba um abraço em 3/4/2010 de Aureo Augusto.
visito sempre o blog e muito me encanta esse tom poético com que descreve a natureza...as peculiaridades do Vale.Sem falar na simplicidade que escreve sobre a medicina.
ResponderExcluirÉ uma maravilha desfrutar esses textos,a energia é sentida. Obrigada por nos presentear.
Abraços
de fato, são lindas as quaresmeiras! Não tem quem nao se encante com a beleza singela e ao mesmo tempo marcante do roxo que se impõe em meio a tanto verde!
ResponderExcluirAgradeço aos anônimos pelos comentários. Vcs precisam vir no Vale AGORA. As quaresmeiras estão pipocando por toda parte!
ResponderExcluirFico feliz com essa intimação de visitar o Vale.Lugar mágico, estive algumas vezes ai. Esse final de semana estarei de partida rumo ao Vale do Paty, passarei 4 dias eternos.Mas nossa saída e retorno será por Andaraí.Espero contemplar a paisagem colorida por essas flores lá também.
ResponderExcluirAchei interessante a comparação da chuva na cidade e no Vale. Aqui na nossa cidade o caos absoluto.Aí no Vale campinas verdejantes e floridas. Cheiro de terra e de mato.
ResponderExcluirAqui leptospirose, desabamentos, paralização de trânsito.
Áureo,
Seu texto é um poema de extrema beleza e sensibilidade em todos os parágrafos- o mais belo: "Agora olho pela janela... achei perfeito.
Por isso que o Capão continua esse lugar encantado que nos deixa sempre querendo voltar!
Cristina