Luis Quati, que também é conhecido por Maninho, está muito feliz porque acaba de fazer seu novo... Como direi? Lugar de encontro. Sim, porque não é um bar, tampouco uma mera lanchonete. Ali terá caldo de cana, mel, aipim, rede para se esticar, um córrego para se deliciar etc. É, ao mesmo tempo um lugar onde se pode comer, mas também um canto para descansar e bater papo, coisa, aliás, que é uma especialidade de Luís Quati. Para mim foi uma alegria conversar com ele hoje de manhã e escutar ele contar seu périplo até alcançar esta nova conquista na qual investiu muito. Ele tinha um pequeno barraco construído na beira da estrada perto de minha casa. Mas era na terra de um tio que tendo vendido o terreno despejou-o. Conta que sofreu muito, mas não perdeu a fé n’Ele (e aponta o dedo para cima), afinal, comenta, “não sou de prejudicar ninguém, não desejo mal a ninguém e quem é assim Ele protege” e aponta para cima... Decidiu que em seu novo espaço tudo será novo, segundo ele porque tudo tem que ser novo já que é novo. Não entendi muito o imperativo, mas aprovei com alegria. Ele chegou espalhafatosamente quando me viu adubando um pé de amora e me interrompeu candidamente para contar as novidades tão alvissareiras. Depois de meia hora de uma conversa que muito me fez feliz, ele à guisa de desculpa comentou que me interrompeu, mas depois acrescentou que não havia necessidade de pressa. Lembrou-se do finado pai de Biu que sempre dizia: “Faz melhor quem Deus ajuda do que quem cedo madruga”. Eu, particularmente, na minha ignorância, havia escutado o ditado de outra forma, mas fui obrigado a concordar, pois muito mais vale estar com a força do Todo Poderoso do que acordar cedo. Nada contra madrugar, gosto disso e Luís não se furta, como todo mundo da roça, a acordar com as galinhas, porém entendi sua mensagem e continuei com o queixo descansando no cabo da enxada até que ele se foi deixando uma espécie de rastro, perfume, uma espécie de presença de prazer e realização. Porque assim é este meu vizinho: realizado prazerosamente.
Qualquer dia destes vou lá no, como direi, espaço de lazer que ele já batizou: “Ponto do Maninho”. Seguramente vou sentar e conversar um bocado. Escutar e aprovar. Aprender e deleitar-me com esta coisa simples e boa, rica e complexa, variada e única que é viver esta vida.
Este texto foi escrito há algum tempo, em 4/1/06, mas hoje eu vi Maninho lá no seu pto e me lembrei de como merece ser falado.
Recebam um abraço, Aureo Augusto
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