quarta-feira, 27 de junho de 2012

COMENDO COM OS DEFUNTOS

Os últimos dias têm sido de intensas atividades. Vou tentar resumir fatos e sentires: Se Londres é uma cidade bem legal, as cidadezinhas são absolutamente deliciosas. Uma delas, Bath, é bem interessante pelo fato de que foi planejada por um arquiteto apaixonado pela arquitetura paladiana (de origem italiana). A cidade é praticamente toda de pedra e sem colorido nas paredes. Foi concebida como uma cidade ideal e é bem bonita. Tem uma praça circular onde todas as casas exibem símbolos maçônicos, uma faixa de símbolos com 360º. Esta cidade foi para os romanos antigos um local de banhos medicinais e por isso tem um daqueles edifícios usados no tempo daquele império. Ademais tem uma igreja gótica muito bonita, ostentando na fachada uma escada sendo usada por anjos – uma coisa fofa! É essencial a visita a Stonehenge. O círculo de pedras tem mais de 5000 anos. Não é atração artística, não é uma obra de arte convencional. Mas ali tem coisa! O lugar é bem especial. Parece que o nosso planeta tem linhas de força, como os meridianos da acupuntura e pontos especiais. Stonehenge é um ponto especial. Estive lá no dia de São João, quando no Brasil, e em especial no Nordeste, o povo acende as fogueiras. Os antigos celtas festejavam este dia, muito antes do cristianismo e um grupo de neodruidas fez um ritual no interior do círculo. Acabei conhecendo de passagem uma velha senhora que fazia parte do grupo. Ela impressionava pelo seu jeito, olhar e cara de bruxa (do bem). Como era de se esperar, voltei no British Museum e na National Gallery. E seguramente voltarei mais uma vez. A torre de Londres é sinistra, apesar da multidão de turistas e do brilho intenso das joias da coroa (que não são poucas). É uma visita que não carece retorno. Passear de barco pelo Tâmisa é muito legal até porque dá uma visão bem gostosa da cidade. A gigante abadia de Westminster impressiona pela sua altura, mas mais ainda por um equívoco. Ela foi evidentemente concebida para ser um espaço amplo e grandioso, como qualquer igreja gótica. Porém, eles aqui têm a mania de colocar preso nas paredes das igrejas placas de mármore ou outras pedras com frases e/ou esculturas homenageando seus mortos. Antigamente muita gente era enterrada nas igrejas (em Salvador também acontecia isso). Mas os sarcófagos dos reis eram bem grandes e começara a embatumar a igreja. Tem um espaço lateral dedicado a São João Batista. Entrei lá e tinha uma profusão de sarcófagos e homenagens a duques, capitães, esposas de marechais e coisas assim. Procurei pela imagem do santo e não vi. Não pude deixar de rir. O interessante é que se perdeu completamente a visão de conjunto da grandiosidade da abadia. Há somente um espaço, a casa paroquial, uma sala octogonal com uma coluna central que é um espaço bem especial. Luminoso, com as paredes revestidas de azulejos antigos (relativamente bem conservados). O lugar além de lindo, contrasta com o demais pela leveza e luz. Ontem estava jantando em um restaurante situado no porão de uma igreja (logo depois assisti na nave principal da igreja uma apresentação de um pianista excelente, tocando Chopin – foi simplesmente maravilhosa). O ambiente era bem medieval e, mesmo, cavernoso, e em dado momento chamaram minha atenção para o piso. Eram lápides. Ou seja, estava comendo em um antigo cemitério sobre as sepulturas. Não tenho muita certeza se isso é bom para a digestão. Até fotografei uma das lápides sob minha mesa, vou tentar colocar neste post, procês verem. Eu nunca imaginaria que algum dia estaria comendo com os defuntos! Abraços medievais pra todos de Aureo Augusto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário