Venha viver no Vale do Capão e passará por experiências
interessantes. Ontem a moça que trabalha comigo estava bem assustada quando
cheguei para almoçar. Uma cobra de bom tamanho, que ela não soube dizer qual
era havia passado toda a manhã aborrecendo um casal de sabiás que a atacaram
sem piedade, provavelmente para defender o ninho. Por isso a serpente passeou
de um lado para outro sobre as árvores no quintal, bem perto da porta da
cozinha. Acho interessante como esta moça tem medo de bicho. Nasceu e se criou
em um lugar chamado “Mata”, vizinho do Tejuco, povoado que faz parte do
distrito de Caeté-Açú, do qual também faz parte este povoado do Vale do Capão.
Mas apesar de sua história assustou-se com um teiú que veio visitar nossa
composteira e com os insetos que vez por outra invadem a casa. Claro que me
divirto demais com isso!
Estes dias tive uma experiência divertida: Uma jovem mineira
casada com um mascate que se apaixonou pelo Capão veio para a consulta de
acompanhamento da gestação. Ela é bem jovem, 19 anos, e é bem engraçada.
Durante a consulta queria convencer-me a fazer algum documento onde registrasse
que ela tinha que fazer cesárea, pois sua irmã tinha parido deste jeito e lhe
disse que era legal. Argumentei muito em favor do parto normal, mas ela não
queria acordo e enquanto conversávamos ela ria muito e eu também porque tinha
um jeito muito peculiar de falar. No final nem ela me convenceu a fazer o
documento, nem eu convenci-a a parir normal. Alguns dias depois, no meio do
Carnaval, ela entrou em trabalho de parto, o qual foi bastante rápido. O marido
tentou leva-la a Iraquara para parir no hospital, mas faltou gasolina e teve
que aceitar o oferecimento de Talos, um jovem daqui que se dispôs a levar o
casal, mas o parto apertou e pararam no posto em Palmeiras, onde estava de
plantão a Dra. Maristela que é uma parteira muito amorosa. Acabou que pariu
normal e rápido, embora tenha feito um barulhão.
Hoje, dia de visita domiciliar, fui a sua casa para fazer a
consulta puerperal (puerpério é o período que se segue ao parto). Ela e seu
marido estavam muito felizes; eu diria que ela estava serelepe. Comentei que se
tivesse feito cesárea não estaria assim tão ágil ela concordou e disse que tinha
sido legal parir normal, me disse “não é essa dor que as pessoas dizem”. E lá
ficou ela com seu marido e o bebê lindo descansando placidamente no meio da
alegria dos pais.
Recebam um abraço fértil de Aureo Augusto.
Grande dr. Aureo que junta prática, filosofia e espiritualidade! E escreve muito bem. Com os cumprimentos de um cliente e admirador, amigo de décadas.
ResponderExcluirNão pode ser de décadas, pq eu não sou tão velho assim (rs). Grato, meu amigo, receba um abração.
ResponderExcluirCobras, lagartos, calangos, aranhas, baratassss......tudo isso me arrepia.
ResponderExcluirDa mesma forma, o parto normal, via vagina (redundância?).
Juro que eu penso que o "normal" é parir pela vagina. Mas, um parto alternativo, via alta, tb tem suas emoções...rsrsrs...
Fico p da vida (não é o caso do seu post), quando limitam as cesas eletivas a um patamar bem básico, como se não fôssemos capazes de nos sentir mulher, mãe integral, fêmea, pelo simples fato de termos optado por uma cirurgia para nascer o nosso filho/a. Acho injusto demais.
Tem mulheres, e muitas, que tem horror, ojeriza mesmo, a agulhas, jalecos, cheiro de éter e tem um limiar baixissimo para dor. Então fazem de tudo para ter seus bebês em casa e muitas vezes, em partos bem perigosos.
Outras, como eu e muitas tambem, não se importam com agulhas e nem cheiro de éter mas temem em sentir a temida dor do parto.
Na minha opinião, o tipo de parto tem que ser opção da mulher, observando vários fatores. Tentar o parto normal, sempre???? Será? Uma parturiente como eu, talvez viesse a causar sequelas em mim e em meus rebentos.
Nunca me arrependi de ter optado por cesas eletivas. Só fico pensando se, caso parisse normal, eu seria tão apegada, tão maezona assim. As vezes eu penso que as cesas nos torna mais "grudentas" talvez pelo processo em si.
E vc, caro doutor, como sempre, uma verdadeira figura.
Ah e fazendo então o paralelo do que eu escrevi, fica aí a resposta: a moça que nasceu no Mato e tem medo de cobra e a mulher (eu) que nasceu de um PD e cresceu querendo cesa eletiva.
Abração.
Querida Jussiara,
ResponderExcluirO ponto que quero que vc pense é que mtas vezes nós escolhemos na crença de que estamos usando o livre-arbítrio mas na verdade somos influenciados subrepticiamente ou extensivamente por pessoas ao redor, pela mídia, por influências econômicas escusas etc. Claro que uma mulher não deixa de ser mãe ou mulher só pq pariu cesárea, mas precisamos atentar ao porque de nossas escolhas.
beijão