Para mim, lidar com as pessoas é uma essencialidade. Gosto. Mais
que isso: Necessito. Soube que nos Himalaias existem mestres de alta estirpe
que apenas meditam isolados de todos, dia e noite para o bem da humanidade, e
os admiro (se é que existem). Pergunto-me como estes seres conseguem
ausentar-se deste alimento tão caro que é o poder interalimentar-se com os
demais seres humanos.
Tenho a sensação muito nítida de que nós os seres humanos
nos alimentamos reciprocamente em nossos diuturnos contatos. Mesmo que saiba
que tais contatos e tal alimentação nem sempre sejam positivos. Algumas pessoas
são leves e estar com elas é como comer frutas saborosas, enquanto outras nos
trazem a artificialidade dos “salgadinhos” de pior qualidade. Espero que essa
escrita não nos confunda, infundindo um peso moral às pessoas e seus sabores. Tenho
tido contato com pessoas muito boas, mas cuja presença nos traz o peso de uma
feijoada completa. Depois da conversa sou obrigado a caminhar um pouco para
desgastar, ou a sentar-me a ver a brisa, como quem carece descomer o prato.
De cada prato algo se aproveita, alguns são substanciais e
leves, enquanto outros são pouco nutritivos e nos locupletam de uma matéria inútil,
porém mesmo estes, algo nos acrescentam de, no mínimo, aprendizado quanto ao
que não devemos ter/ser.
Gosto de lidar com as pessoas, mas às vezes me canso. Alguns
dias é tanto trabalho, tanta exigência de atenção e tantos mal-entendidos que me
sinto como se tivesse comido macarronada – ocorre que para mim a pior comida do
mundo é macarrão, não suporto este prato. Falamos com alguém determinada coisa
e lá nesta pessoa bate em algo que lhe libera uma indigestão mental e há que contornar,
explicar, esclarecer. Logo depois um outro transforma o que dizemos em outra
coisa bem diferente e as demais pessoas envolvidas no caso ficam com os nervos
a flor da pele. Agora há pouco conversava com Wanessa, a técnica administrativa
do posto. Ela comentava como uma informação que passou para uma mulher resultou
em situação conflituosa com o marido desta que pensou não seria atendido,
quando o que Wanessa havia dito era completamente diferente. Felizmente quando
tudo foi explicado todos saíram contentes, mas, algumas vezes, quando estas
coisas se repetem, sinto cansaço.
Recebam um abraço dietético de Aureo Augusto.
Segura as pontas, brother! Talvez por merecimento ignorado nos sejam servidas tais fatias da existência. Pessoas de fibra como você não temem, vê-se, nominar as agruras do mundo. Grande abraço, Lula.
ResponderExcluirGrato meu amigo. Abração.
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