terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

REFLEXÃO SOBRE UMA LIBERDADE QUE PRECISAMOS


No silêncio descansado por entre os ruídos de um dia de labuta, estou. Lá fora as pessoas (ou seja: nós) se agrupam ao redor de um possível suspiro em suas dores. São tantas as dores! Mas também gosto de apreciar que há silêncio de dores, naqueles momentos em que a graça do riso transborda os lábios. O povo tem vivido mergulhado no labor de sobreviver e a isso se acostumou. Pois hoje, neste agora de onde saltam tantas queixas vejo minha gente aprendendo que há mais do que a sobrevivência. Vivemos! Vivamos!

Ontem entre os jovens notei interrogações. Percebi buscas e perscrutei neles a sensação de que as coisas devem ser algo mais do que contam os pais, mais do que dizem os livros, e muito mais do que falam as canções de gosto duvidoso que aqueles aparelhinhos engraçados lançam nas orelhas, pelos mesmos fios nos quais se penduram as cabeças. Os jovens têm olhares com formato de sinais de interrogação e de admiração. E isso é o que há de mais lindo neles.
Conversávamos (como parte de um interessante curso que tomam) sobre drogas. Mas não dava pra tratar de algo tão chão para todos eles do jeito tão “química de livro” comum nesses papos. Buscamos coisas por trás da fumaça. Os jovens gostam de ir além do elaboradamente arrumado no cotidiano. Isso é uma coisa linda neles e me estimula a caminhar por estradas de reflexões inauditas.
No entanto, é terrível para mim encontrar que esses jovens tão descotidianizados tantas vezes recotidianizam-se em padrões que não são os padrões dos pais, mas o são de outros donos do comportamento. Existem TVs, cinemas, existem amigos duvidosos sugerindo caminhos inusitados, mas tão iguais ao que aconteceu no passado: Alguém lucrando em nome da liberdade ou da justiça. O de sempre: Alguém lucrando através novos modismos que seriam capazes de torna-los (aos jovens) diferentes, quando os fazem todos iguais.

Às vezes vejo-os com aquele jeito meio imbecil herdado da maconha fumada há pouco, ou aquela cara totalmente debilóide imposta pelo álcool; vejo-os também às vezes com rostos rijos atracados ao futuro, perdidos de si, impondo-se futuros. Então entendo o que sentia Ulisses vendo seus companheiros presos no país dos Lotófagos. Ali as pessoas que comessem as folhas do Lótus se esqueciam de retornar para casa. Ah! Confesso que me dói ver estes belos seres de olhares com formato de sinais de interrogação e de admiração tornarem-se ovelhas dominadas dos pastores das drogas (cigarro, álcool, maconha, açúcar branco, cocaína, heroína...). Meu coração ficaria feliz em ver estas criaturas lindas retornando à casa – aquele lugar da liberdade responsável de onde saímos e para onde voltaremos e não perdidos entre os lotófagos.

Vivemos, é verdade, no labor de sobreviver e lá fora nós nos encontramos agrupados ao redor de um possível suspiro em nossas dores. Olhemos para nossos corações; precisamos abrir-nos para ver o mundo com os olhos de nossos corações. Precisamos romper com a lógica que nos leva a que curvemos nossas cabeças a uma vida medicamentizada, drogada, dominada, midiatizada, bigbrotherada.
Acredito!

Recebam um abraço de coração de Aureo Augusto.

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