Hoje foi dia de ir à Conceição dos Gatos. Gosto muito do
povo de lá. Às terças ou vou pra Conceição (na maioria das vezes) ou para
Lavrinha (1 vez ao mês). Lavrinha tem quase ninguém morando por lá, mas foi o
primeiro povoado de Palmeiras, e lá, quando se matava uma galinha sempre havia
que olhar a moela porque era de regra encontrar diamante. Hoje tem uma igreja
que conta com uma festa anual, e nada mais. Mas as pessoas são bem agradáveis
no geral. Penso nos sorrisos quando encontro eles. O povo da Conceição também
tem sorrisos bem legais. Mas hoje o que mais me tocou (embora sempre me alcancem
o coração os sorrisos dessa gente boa), não foi tanto a presença humana e sim a
vegetação:
Havia marcado de o motorista me pegar mais ou menos 12
horas, porém acabei terminando mais cedo que o esperado porque os pacientes não
foram tantos. Então tirei os sapatos, arregacei as calças e parti a pé para o
Capão. Havia chovido na noite e a estrada estava fresca aos pés, as folhas na
beira da estrada foram lavadas de modo que mostravam suas cores e não a da
poeira e as flores puderam brilhar como se o sol fosse só para elas. Por sorte
estava com a máquina e fotografei algumas (até que acabou a bateria). Fiquei sobremaneira
impressionado com a quantidade de plantas que eu não conhecia. Havia uma
trepadeira com um fruto que era igual à melancia, mas com o tamanho de um umbu.
Uma flor branco-violácea menor que a unha do meu dedo mindinho, ostentando
detalhes ínfimos, mas lindíssimos. Uma amarela parecia querer me dizer que
tamanho não era documento para a alegria. Tinha um capim que parecia uma luz
acesa com forma de ponta de lança destacando-se no mato e na bifurcação de uma
árvore nasceu um pequeno cacto. Outro cacto destacava-se no verde da mata pela
sua cor púrpura. E os troncos das
árvores escondidos sob o líquen e o musgo fingiam carnavais discretos...
Não acredito que os botânicos tenham conseguido classificar
toda esta multidão de tantas plantas que eu vi hoje. Até agora estou deslumbrado.
Recebam um abraço floral de Aureo Augusto.
É a natureza 'esfuziante' com um pouquinho de chuva! Parece que as plantas do Nordeste não são ingratas com a mãe. E o olho do homem é que ganha com isso.
ResponderExcluirInteressante que eu, como geólogo no camo, já caminhei um bocado, e nunca me passou pela cabeça tirar os sapatos! Que condicionamentos bestas que apresentamos, não?
Abraço florido!
Pois é, a natureza é impressionante. Tirar o sapato para mim é importante pq por algum motivo me canso mais qdo estou de sapato. Por outro lado é delícia sentir a variação de textura e temperatura do solo. Experimente.
Excluirabraço.
Fico feliz de saber, que vc garimpa nos lugares, onde pouca gente anda, a alegria de gente simples!
ResponderExcluirTenho uma sorte danada! Vivo em um lugar onde qualquer saidinha é uma alegria.
Excluirabração
aureo,é sempre um praser ler suas crônicas.
ResponderExcluirmoro no Capão,e tb. desfruto desses momentos.
Magali
Fico feliz, Rosa, que vc está ligada na fruição deste lugar abençoado. Às vezes nós que aqui moramos nos deixamos levar pela rotina e perdemos as oportunidades de beleza que o mundo nos traz.
Excluirabraço
Vc em Capão.....eu, em Cações mas claro, guardadas as devidas proporções.
ResponderExcluirbjs
Que proporções? Quem dá a medida é o coração!
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirEntão vou falar:
ExcluirCações com sua dinâmica, suas dificuldades, suas belezas, seu povo bem mais difícil de se abrir do que o Capão.
Estou desconstruindo meus projetos em Cações e está muito penoso para mim.
Embora eu continue amando aquela natureza linda, aquele vento carregado do cheiro da brisa do mar, aquela lua imensa, prenha, que nasce bem ali, no nariz da minha casa, o sol que nos revela um novo dia, tb é levantado diante de mim, lá. Mas no meio da natureza, existem bichos, animais, insetos e...............pessoas. Fui ferida e tranquei meu coração e recolhi meus sonhos ali. Ao menos, por enquanto.
Abraços
Áureo, são maravilhosas as observações que vc fez. Suas palavras dão um toque muito especial... Também observo detalhes e sinto como isso me faz bem, mesmo dentro da cidade de Salvador: O mar, a lua, o sol, os jardins... Algum dia estarei aí curtindo esta maravilha de natureza.
ResponderExcluirAbraço,
Ivone (aquela "um pouquinho só)
Ivone um pouquinho só,
ExcluirSó mas que se dá conta de que a beleza depende mto do coração de quem vê.
bjs