De início fiquei preocupado com a importação de médicos do
exterior patrocinada pelo governo federal. No entanto, lembrei-me da briga de
foice que é ter um médico contratado por aqui. Palmeiras tem uma fama antiga de
não tratar de forma adequada seus funcionários, e a área da saúde não foge à
regra, pelo contrário, reforça-a com vigor. Portanto vários médicos têm sido
tratados de forma inadequada por aqui no passado. Mas considerar que apenas o
poder público municipal é responsável pela desassistência é deixar de ver o
outro lado da moeda.
Muitos dos médicos que por aqui aportam impõem grande
quantidade de condições, não respeitam os horários e desconhecem radicalmente o
significado de trabalhar em equipe. O posto de saúde da família de Palmeiras
(na sede do município) tem sofrido muito com isso. Vários médicos impuseram
seus horários e às vezes faltavam avisando na última hora. Um deles só atendia
um número excessivamente restrito de pessoas e, apesar de chegar tarde, saía
muito mais cedo, deixando o serviço descoberto. Outro se recusou a atender
pré-natal ou puericultura. Houve quem abandonasse o serviço de uma hora para
outra porque recebem proposta melhor de outro município – e o fez sem aviso
prévio. Nenhum aceitou participar de uma reunião com a equipe; participar de
qualquer atividade educativa? Aí seria demais! E isso não ocorre apenas em
Palmeiras. Várias cidades da Chapada têm estas queixas.
Por isso pensei comigo que, em que pesem os erros cometidos
pela forma como a coisa foi feita, a vinda de médicos de outros países poderia
contribuir para corrigir estas distorções. Os médicos cubanos me encheram de
esperança. Não creio que vão resolver tudo, que não sou tão besta assim, porém
têm farta experiência na promoção da saúde e nas diversas formas de prevenção
dos agravos. Isso me agradou.
Conheci e já tive algumas reuniões com os quatro que
aportaram em Palmeiras. Gostei do que encontrei. Estão bem atentos ao fato de
que cada consulta é um processo educativo, têm forte noção de dever e isso
inclui a questão dos horários de trabalho. Sei que vou aprender muito com eles,
e espero – e para isso a prefeitura terá que fazer sua parte, principalmente provendo
condições adequadas de trabalho – que a saúde por aqui possa realmente entrar
por um novo caminho.
Abraços saudáveis a todos de Aureo Augusto
Dr Áureo, tenho certeza que os médicos cubanos também aprenderão com o senhor. Sou simpatizante desse programa Mais Médicos pois muitos médicos brasileiros não atendem nos rincões desse país. Por aqui eles foram bem aceitos pela população. Pena que os médicos aqui de Irecê não veem os pacientes como um todo, eles tratam a doença não a sua causa.Que pena.
ResponderExcluirGrato, Lidia,
Excluirem realidade a nossa sociedade está um tto capenga, voltada mais para resoluções superficiais de problemas do que para a profunda resposta aos problemas.
mas estamos evoluindo!
abraço
Caro Áureo!
ResponderExcluirParabéns pelos seus esclarecimentos; jamais imaginei que assim fosse! Aqui em Salvador me consulto no SUS, quanta dificuldade, tanto para se conseguir consulta ou exame!
Acredito, Carlos, que aqui no interior tenha menos fluxo de gente a ser atendida. Infelizmente faltam outras coisas, como, por exemplo, médicos.
ExcluirHoje atendi uma mulher daqui do Capão que esteve em São Paulo por algum tempo e lá tentou atendimento para sua gestação e pegou uma senha de número 568. Pensei que só seria atendida em 3 meses (risos). Ela preferiu voltar.