Somos muito bobos, sou
Quando olhando a bondade da vida
Nos sentimos sós, ou tristes;
Há uma tristeza na vida é verdade
Mas não da natureza dos nossos receios;
Volto a ela.
Somos tolos quando deixamos
Por nossas pequenas dores decorrentes
Dos nossos grandes/pequenos desejos
Quando, repito, olvidamos ali do outro lado da
janela
O sol oblíquo sobre o silêncio eloquente das
árvores;
Vamos a elas.
A vida nos toca sem que percebamos os milagres
Do mero existir da pedra, agulha ou mão no teclado
De pé sobre o abismo da existência onde nossas
almas
Se abismam, bestificadas da enormidade do ser,
Deixamo-nos deixar que cada uma das coisas
Do dia-a-dia nos mortifique nas cadeias do
vir-a-ser;
Deixemo-las.
Volto à tristeza radical que nos ata à
essencialidade
De que somos inda que não saibamos o quanto, onde
e para que,
Como se necessariamente houvesse que assim ser
Amo a esta lembrança como parte de nossa natureza
comum, somos;
Assumamo-lo.
Vamos às árvores, e não só a elas, ao mundo
Deixemos que nos toque com suas mãos de terra,
água e ar
Com o fogo abrasador ao que o senso nos convida
Apenas para reacender a tristeza primordial que nos
incita à vida;
Abracemo-la.
Abracemos à vida, esta fugaz luz feita da
eternidade fugidia das estrelas
Muito acima daquilo que reveste-se da importância
parda
Das fantasias vestidas com roupas glamorosas
Que nos atraem delicadas e fortes a sua órbita
alienantemente vital
Mas com a pessoalidade daquilo que não nos forma,
afinal.
Em seu exato lugar coloquemo-la.
Deitou-se enfim o sol (ou a Terra completou sua
órbita)
E o pálido reflexo do fim da tarde nas folhas me
diz
Que o mundo mais uma vez busca os lençóis desde já
Enquanto os humanos insistem em suas pequenas
nobrezas
Sim, aqui estou só e em paz e penso em um par de
olhos
Perguntando-me coisas que ninguém responderá
Apenas porque nós, seres humanos, somos uma
pergunta
Lançada à eternidade:
Respondamo-la.
Vale
do Capão, entardecer de 21/9/14.
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