O trabalho com as idosas na semana passada foi mais
divertido ainda do que o comum dos dias. Após a ginástica, desafiei-as a me
contar coisas da festa do padroeiro, São Sebastião, nos tempos antigos. Elas se
entusiasmaram!
Contaram que quando chegava perto da festa, em janeiro,
elas, as mulheres – pois era uma atividade feminina – pegavam aquele cabo onde,
no cacho de banana ficam presas as pencas. Então cortavam um pedaço, depois
batiam com um macete ou martelo até criar um pincel. Então iam atrás de tabatinga
(que chamam aqui de tubatinga) em um buraco perto do Riacho do Ouro. Ali
colhiam pedaços e depois pilavam até fazer pó que misturavam com água. Então
pintavam as paredes das casas. Assim ficava tudo bonito, com cara de novo.
Surpreenderam-me com a informação que por aquela época, a
festa em si, do padroeiro começava no sábado e só terminava na segunda-feira,
dançando o tempo todo. Para a dança ficar bem legal, os pisos das casas eram
preparados com terra, jogavam então cinza por cima e pilavam com força até que
ficava como se fosse um cimento. Mesmo assim rolava poeira, então interrompiam
um pouco, jogavam água e recomeçavam o forró.
Com a melhoria da vida, ou seja, com o retorno temporário ou
não, de algumas pessoas que haviam ido morar em São Paulo, o Capão ficou mais
civilizado (palavra delas) e apareceram as vitrolas movidas a pilhas. Disseram que
juntava “todo mundo” para comprar as pilhas. Então era dançar até a pilha
acabar. Mas aí já tinham água fervendo. Colocavam as pilhas na “frevura” e
deixavam cozinhar um pouco. Então dava pra usar por mais um bom tempo! Não souberam
me dizer de onde aprenderam esta fórmula.
O fato é que a turma de antigamente se divertia muito com o
pouco que tinham; com o quase nada que alcançavam sacavam um mundaréu de
alegria.
Recebam um abraço festivo de Aureo Augusto em 3/9/14.
Então um mundaréu de coisas, mais pode atrapalhar do que ajuda no item divertimento!?
ResponderExcluirVou te dizer uma coisa: tudo demais é sobra, dizia o povo de antigamente (rsrsrs). Acho que tinham razão.
Excluirabraço
ResponderExcluirFica comprovada a afirmação de que:
"Ninguém deixa de ser um bom pintor por falta de pincel".
Assim também mostra a aplicação do provérbio
"Quem não tem cão, caça com gato".
Quer dizer, improvisa-se, dá-se um jeito,
executa-se a tarefa devida,
mesmo sem ter a ferramenta adequada.
Enfatizo isso porque, mais de cem anos depois de
Machado de Assis ter utilizado este provérbio (1885),
algum pseudo filólogo 'descobriu' que a origem do provérbio
seria "Quem não tem cão, caça COMO gato".
E sem nenhuma comprovação documental.
O pior é isso: Tem muita gente que cai nessa conversa
como um patinho se atira na água.
Também acredito que "um mundaréu de coisas"
atrapalha o divertimento.
Em todo caso, entre milhares de atividades
a gente elege as nossas preferidas e,
praticamente, 'deleta' as demais.
Os 'homens de sete instrumentos'
não são especialistas em nada.
Abraço diversificado.
Cara! amo seus comentários. Não deixa de ser divertido essa coisa de encontrarem explicações "verdadeiramente absolutas" que na verdade não são verdade (kkkkk).
ExcluirEm realidade, essa coisa de que um mundaréu de coisas atrapalha o divertimento merece mais reflexão, pq isso depende da forma como nós interagimos com o tal do mundaréu. E, tb, ser especialista em nada tem seus encantos.
Gratíssimo por sua presença.
ResponderExcluirÁureo, transcrevi os dois primeiros parágrafos desse post
no post "Bobagens linguísticas-24", lá no meu blog.
Se não aprova, manifeste seu voto, e retirarei a citação.
Abraço.
Retirar o que, meu amigo? Para mim é mto legal este encontro de blogs.
Excluirabração.