Assisti a um documentário sobre a alimentação na Grécia,
onde aprendi que um pesquisador resolveu, na década de 50 do século passado,
avaliar a saúde e a alimentação de diversos povos e surpreendeu-se que a
paupérrima gente que habitava a ilha de Creta, no sul da Grécia era a mais
saudável, com grande número de pessoas centenárias e baixa incidência de
doenças cardíacas. Ali, a alimentação era constituída de grande quantidade de
legumes e verduras encontradas no mato, ou plantadas por aqueles que as
consumiam, com muito azeite de oliva e pouca carne (que quase sempre era peixe
poucas vezes na semana). Eles não tinham condição de comer outras coisas. E
exatamente isso, esta pobreza, foi o que lhes protegeu o coração e, de resto,
toda a sua saúde.
O assunto me tocou porque neste momento tenho conversado com
as mulheres idosas que participam comigo de um grupo de atividade física e
conversas as quartas, 7 da manhã, no posto de saúde da família onde trabalho.
Elas me trouxeram amostras das plantas que colhiam no mato ou plantavam para consumo
nos tempos aqueles em que o Vale do Capão vivia sob a noite do abandono. Quando
os homens mais capazes se foram para terras distantes buscando sobrevivência
para si e para os seus.
Extensos estudos modernos feitos pelas Universidades gregas
mostram que o quadro se reverteu naquele país. A riqueza lhes fez gordos (sua
juventude é a mais obesa da Europa) e doentes, acometidos que foram pelos males
da viciante comida fast food. Um povo inteiro é o fruto desta experiência
maldosa e lucrativa que é propor uma dieta sem ética, focada na argumentação
econômica do lucro. O Vale do Capão, no passado, não tinha uma alimentação tão
saudável quanto aquela dos gregos, mas tinha diversas coisas que eram
maravilhosas, como a Capeba, Maria Gondó e Quiabinho. Plantas que estavam no
prato no almoço e no jantar e que sustentavam a força dos antigos em um mundo
muito mais duro do que o atual.
Hoje, por conta da crise econômica na Europa, os gregos
estão voltando a considerar com novos olhos a comida de seus avós. Tomara nós,
aqui no Vale, na Bahia e no Brasil não precisemos de tal crise.
Ensina-nos Gilberto Freire que o vigor dos escravos vinha do
fato de que sua alimentação era mais rústica e rica do que aquela dos senhores,
eles mesmos escravos dos quindins que com tanto gosto degustavam. Gosto de
saber que aqui se comia palmito de jaca, caroço de jaca cozido, beldroega,
capeba e por aí vai. Quando publicarmos o modesto fruto de nossas conversas das
quartas, tomara na escola os professores e estudantes possam ver a tragédia que
a nossa civilização, tão maravilhosa em outras instâncias, reservou para si na
alimentação. Criando o triste paradoxo da saúde na pobreza (e escravidão) e da
doença na riqueza.
Recebam um abraço pobre e saudável de Aureo Augusto.
A interação da natureza nos fatos existenciais é digna, substancial e sábia, diante da pertinência das ofertas que a mesma nos oferece em suas mais diversas circunstâncias encontra nos contra sensos do consumismo a sua própria vitalidade..
ResponderExcluircertíssimo! Os produtos que a natureza nos oferece já têm o equilíbrio necessário.
ExcluirCaro Áureo!
ResponderExcluirAcreditei na alimentação natural, logo que tomei conhecimento dos males da carne, há +_ 40 anos como do animal laticínios e acabei de cortar o queijo estava elevando meu colesterol! Renunciar a uns tantos alimentos ou certos prazeres, ao contrários do que a maioria pensa, só traz benefícios!
A vc parabéns por levantar essa bandeira Saudável!
Grato, Carlos, por suas palavras. Aliás, algumas renúncias podem ser minimizadas pela criação de novos e agradáveis sabores, não é? Embora não ingira carne, doces artificiais, leite etc. tenho uma vida deliciosa no quesito prazer à mesa. Viva a vida.
Excluirabraço.