sábado, 24 de janeiro de 2015

FESTA DO PADROEIRO E DIFERENÇAS

É um momento bem especial para o povo do Vale do Capão esse de janeiro, pois é a festa do padroeiro, quando tradicionalmente aqueles que emigraram voltam para rever seus parentes, reencontrar os amigos, reviver vidas deixadas para trás em um tempo onde havia luta demais, trabalho demais, chuva demais, fartura de dificuldades e pouquíssimas oportunidades.

Assim é que posso me sentar depois do trabalho para ver as pessoas na praça. Os emigrados que chegam com sorrisos e apertos de mão, admirados das mudanças daqui e do cosmopolitismo que alcançou esta terra, antes tão isolada. Em realidade o Vale do Capão segue sendo insulado entre os mares que são os gerais lá em cima, nas serras, onde o mundo é imensidão, em muito oposta ao uterino aconchego da vizinhança. Mas não mais tão distante como no passado das coisas do mundo lá fora.

Assim, quando sento a ver o entardecer nos paralelepípedos da vila, acompanho também os mais variados tipos que chegam dos mais vários lugares deste planeta. Alguns tipos bem estranhos, devo confessar. E têm nos dado trabalho e preocupação. Na próxima postagem detalharei isso.
Estranheza esta que não impede ver um velho garimpeiro com sua roupa surrada, rindo da conversa com um estrangeiro branco como o leite, com cabelo rasta, ostentando numerosos piercings em tantos lugares que me faz pensar em almofadas de alfinetes. Ou uma senhora com a vassoura na mão, interrompendo seu limpar a calçada para conversar com uma jovem adepta do hinduísmo, trocando ideias sobre culinária vegetariana. Coisas de pouco ver!

Hoje e amanhã terei ampla oportunidade de me abastecer de visões variadas que irão enriquecer minha memória de mundo. Dedicados religiosos em procissão ladeados por gentes que não se interessam muito por religião ou professam fés muito diferentes do catolicismo ou evangelismo habitual; paletós convivendo com tangas, saias masculinas, batas, e outras roupas indecifráveis; cabelos cuidadosamente cortados para a festa ao lado de dredes (não sei como se escreve) de variadas grossuras, limpeza e odor. Muita variedade. Enorme fartura de diferença!


Recebam um abraço diferente de Aureo Augusto.

4 comentários:

  1. Aureo,
    Gosto muito dos seus textos que sempre me lembram um pouco do período que passei no Capão. Parece-me que a Chapada se tornou esse lugar tão especial em razão da mistura cultural do "povo daí" com o pessoal "de fora". Turistas que ajudaram a encurtar distâncias e diminuir o sofrimento dos nativos!!
    abçs

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    1. grato Murilo,
      difícil é por aqui tudo o que o povo daqui tem de interessante.
      abraço

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  2. Aureo,
    Para mim, o interessante na sabedoria popular dos "nativos" é justamente o fato de, em razão do isolamento, eles terem preservado sua cultura, sem se "americanizar". Daí consegue-se viver momentos que se preservaram durante os séculos. É o que mais gosto na Chapada.
    Ficarei no aguardo do seu relato sobre os "tipos bem estranhos". Vai ser, com certeza, bem interessante.
    abçs

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    1. talvez poste hoje mesmo o relato dos tipos estranhos. Vai depender da net.
      abraço

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