A passagem de ano de 2014 para 2015 aqui no Vale do Capão
teve muito mais turista do que jamais vi nesse lugar. Foi impressionante o
afluxo de gente de outras cidades, outros estados e outros países. Uma
verdadeira multidão. E, destes, uma significativa quantidade precisou de
atendimento de urgência no posto onde trabalho. De diarreias a suturas, de
unhas arrancadas a dores de garganta, de crises hipocondríacas a riscos reais
de vida, enfim, tivemos bastante trabalho. Perdi várias noites e nos dias
normais de atendimento, além do comum com a gente daqui, o posto se viu
invadido por rostos desconhecidos, alguns bem angustiados, falas alienígenas
nem sempre inteligíveis – orgulhei-me quando um turista elogiou meu inglês
capenga. Mas se por um lado o trabalho aumentou exponencialmente, fiz contato
com pessoas adoráveis, embora nem todas.
Foi assim que na primeira chance que tive saí a passear por
este vale magnífico, experimentando o maravilhamento que atraiu aquela multidão
para aqui na passagem do ano.
O Vale do Capão guarda tesouros secretos invisíveis ao
desatento. Saí dos caminhos usuais, sem, contudo, me afastar dos lugares aonde
o povo vive seu dia-a-dia. Estava um pouco melancólico, pois o cansaço tem esse
efeito sobre mim (às vezes me dá raiva, outras uma sensação de plenitude e por
aí vai), por isso procurei os caminhos menos usados. Apenas me afastei das ruas
movimentadas, encontrei um lugar delicioso, com recônditos cantos que me
surpreenderam pela deslumbrante e delicada beleza. Um desses lugares tinha uma
pedra em balanço assustador, e de sua precária base surgia uma nascente gelada.
Mais adiante encontrei uma gruta com cerca de 3 metros de fundo e da altura de
um homem alto. Em seu teto uma claraboia iluminava uma delicada cascata que
forrava todo o fundo da lapa. A delicadeza do lugar só era perturbada pela
enorme quantidade de murinhanhas (nome que os antigos aqui davam às muriçocas).
Mas tomei-as como parte do processo e elas depois se acostumaram comigo
deixando-me em relativa paz para desfrutar da beleza do lugar.
Tentarei por fotos aqui pra que possam compartir comigo o
belo lugar, espero conseguir.
Recebam um abraço embevecido de Aureo Augusto.
Às vezes, um olhar mais atento e a curiosidade nos trazem agradáveis surpresas. Ao acordar de manhã bem cedo, costumo regar a horta. Algumas vezes, ao abrir a porta, via um animal rondando o fundo da casa, lindo, peludo e arredio. Achava que fosse um cachorro. Um dia, abrí a porta bem devagar e me aproximei bem do animal. Era uma raposa, daquelas típicas da caatinga. A bela vem me visitar de vez em quando. O Capão tem dessas coisas, Aureo. Belo lugar! Abraço.
ResponderExcluirLegal seu comentário, Raí. Já dei de cara com tatú, ouriço, raposa, e, duas vezes em caminhada topei com veados e outras raposas. Isso sem contar os pássaros.
ExcluirMorar aqui é um privilégio.
Em Campos de São João, não muito longe do Capão, a concentração de árvores frutíferas nos pomares atrai especialmente a passarada. É uma festa acordar com a cantoria dos sofrês, sabiás-laranjeiras, pássaros pretos e tantos outros que encantam o cotidiano da Chapada. Muito sensível o e tocante o artigo do dr. Aureo, como as outras postagens desse blog que acompanho fielmente.
ResponderExcluirgrato Wagau, pelo seu fiel acompanhar. No ano passado fui a Campos de S. João fazer uma fala no posto de saúde e fiquei encantado com os quintais. Tirei mtas fotos.
Excluirviva esta Chapada.
FELIZ ANO NOVO! Dr. ÁUREO e continue escrevendo esses textos tão bonitos. Saúde e Paz. Um abraço fraterno.
ResponderExcluirOh, Lídia! FEliz Ano procê também. Muita felicidade e paz.
ExcluirFeliz Ano Novo!!!
ResponderExcluirVocê tem textos muito bons!
É difícil arranjar um médico naturalista aqui em Salvador... Me recomenda alguém ou vc vem aqui de vez em quando?
Grato, Laise, pelo seu elogio aos textos, isso é um incentivo!
ExcluirEm Salvador tem o Elias Oliveira Lima, que conheço mto bem, uma pessoa bem dedicada; tem Cesar Barreto, que conheço de nome, mas sei que é bom médico. Glauvânia Jansen é Nutricionista, excelente! Nesse momento estes me veem à cabeça.
receba um abraço
Olá de novo! Tudo bem? Fui no Capão em Outubro, mas não tive tempo para tentar te encontrar por lá ou onde atende.
ExcluirEm que "região" seria? Fiquei na rua dos gatos e íamos pra vila de vez em quando.
Abraço!
Olá Dr. Aureo.A muito tempo que gostaria de conhecê-lo.
ResponderExcluirMoro em Igatu,na pousada flor de Açucena;e agora vendo sua foto,não sei se já te conheço.Será?
rsrsrs
Abraço
Juscilene Dupuis
Olá Juscilene,
ExcluirSerá? rsrsrs. Seja como for, indo eu em Igatu, ou vindo vc no Capão, seria bom nos conhecermos ou nos reconhecermos.
receba um abraço