sábado, 29 de agosto de 2015

DOS MAL-ENTENDIDOS, COMPLICAÇÕES E DAS BELEZAS MIÚDAS

Muito me impressiona é o quanto conseguimos na criação de mal-entendidos e complicações e o como nos esforçamos para mantê-los. Sempre escuto pessoas dizendo que tudo seria melhor se fôssemos mais simples. Dizem o quanto complicamos tudo, apenas porque não amamos o suficiente e cobramos, queremos, mandamos, controlamos, dominamos.

Aí, às vezes me dá uma sensação de cansaço quando penso o quanto eu mesmo me complico embora realmente e em sã consciência tento olhar o mundo com o olhar simples e amoroso, sabendo que (isso me ensinou meu filho) a complexidade absurda do Universo é o mais simples possível para que fosse possível o existir.

Inventamos regras e essas nos ajudam na convivência, mas existem regras embutidas nas relações, implícitas, terríveis em sua ascendência sobre as demais instâncias do ser. Ser então torna-se um exercício de desviar-se de si. Sendo assim deixamos de lado o nosso Ser... Pois é. Sei, mas não escapo.

Existem tantas pessoas construídas de beleza (quase todas na realidade), organizadas como angelicais iniciativas de deuses gozosos, mas caem nas malhas desta estranha mediocridade que nos faz guardar distância da alegria, obedecendo a cegueira das leis trançadas de tal forma que parecem esclarecimentos divinos, justas e corretas, quando não passam de instrumentos de dominação, controle, medo e dor. O pior é que descobrimos isso, desvendamos esse abismo, revelamos a conspiração impositiva destas regras, então criamos novas regras em oposição àquelas e as usamos como justas e corretas quando não passam de instrumentos de dominação, controle, medo e dor. E, olhando para estas pessoas e me identificando com elas sinto uma espécie de tristeza que por sorte passa logo...

Passa logo porque em que pese minhas interpretações equivocadas do que podem os outros estar sentindo ou pensando, ou minhas deduções apressadas do que é a vida e do significado das coisas, aprendi a surpreender-me com a beleza das pequenas coisas e o sabor a novidade que pode me trazer o dia-a-dia. Sim, em que pese o fato de eu ser bem bocó, e, apesar dessa minha paradoxal competência para a dor, acabo por cair nas armadilhas que me estende o tempo e a vida, armadilhas de alegria reveladas pela reverberação da brisa nas folhas ou o resvalar da luz sobre as superfícies úmidas, corpos desenhados de lua, campos gerais sob as estrelas, caminhos como galhos retorcidos de árvores nas serras, olhares bondosos, sorrisos e gargalhadas saídas quase que do nada, os desenhos detalhados das folhas do filodendro ou o jogo das nuvens entre as serras e os raios do sol matinal...


Recebam um abraço entre o bem e o mal (risos) de Aureo Augusto.

5 comentários:

  1. Caro Dr. Áureo, gosto muito de tudo que escreve pois para mim soa como uma poesia cheia de verdades e sentimentos. Essa então foi demais e me fez lembrar de um amigo querido o Dr. Domingos pois ele não escrevia mas falava com o coração cheio de amor incondicional. Deus lhe abençoe por nos presentear com essas pérolas. Longa vida com muita saúde e paz para você. Um abraço fraterno.

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    1. Puxa Lidia, fiquei feliz com sua mensagem, Ela me representa um incentivo.
      Receba um abração
      Aureo Augusto

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  2. Caro Dr. Áureo, gosto muito de tudo que escreve pois para mim soa como uma poesia cheia de verdades e sentimentos. Essa então foi demais e me fez lembrar de um amigo querido o Dr. Domingos pois ele não escrevia mas falava com o coração cheio de amor incondicional. Deus lhe abençoe por nos presentear com essas pérolas. Longa vida com muita saúde e paz para você. Um abraço fraterno.

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  3. Você tem parte de razão nessa sua "revolta' contra muitas das regras,
    Áureo, principalmente aquelas que visam apenas as formalidades.
    Porém, mesmo formando suas próprias regras, o ser humano tem que
    submeter-se à elas, ninguém pode escapar disso.
    Além desse detalhe, ninguém de nós é perfeitamente filantropo, e não
    formaremos regras que contemplem, com toda justiça, os demais membros
    da espécie humana, por isso temos também que respeitar convenções
    dos OUTROS.
    Esses que não são o inferno, como falou Sartre, mas sim, nossos
    melhores instrutores.
    Abraço 'segundo os conformes'.

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    1. Vc sempre traz belos complementos ao que escrevo. Grato por isso.
      Carecemos sim de "contratos sociais". Infelizmente às vezes eles ficam mais importantes que a vida das pessoas. Isso não os invalida
      Abraço
      Aureo Augusto

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