Primeiro pegam milho e deixam de molho por 36 horas em água
com anidrido sulfuroso, para que os grãos inchem e o amido se separe do resto. O
germe será esmagado para produzir óleo, a casca será usada para produzir
vitaminas e aditivos, e o amido irá sofrer diversos processos até se
transformar em maisena, um pó branco do mais puro amido. Este pó sofrerá mais
algumas ações de enzimas artificiais e outros processamentos para se converter,
por exemplo em glicose de milho (que quando eu era pequeno minha mãe me dava
pensando que era a melhor coisa do mundo – Karo, não sei se ainda existe) ou em
frutose de milho, que é mais doce ainda. E ambos têm um índice glicêmico
inacreditável; talvez sejam os maiores responsáveis pela atual epidemia de
diabetes tipo II no mundo.
Você vai me dizer que não come essas coisas, mas encontramos
esses produtos em 9 de 10 produtos industrializados, tais como carnes
processadas, enlatados, refrigerantes (basicamente são feitos disso) etc. Leia
os rótulos e encontrará nomes como ácido cítrico e lático, maltodextrina, ciclodextrinas,
frutose, goma xantana, amidos modificados etc. Quem nos conta isso é Michael
Pollan no livro “O Dilema do Onívoro” que
todos deveríamos ler.
O que me preocupa e quero partilhar com vocês, é que
recentemente estamos sendo apresentados a muitos produtos ditos orgânicos, ou,
naturais, apenas porque são feitos com milho e outras plantas, mas não nos
contam em seus rótulos que aquela maltodextrina de milho, não saiu do milho
pura e simplesmente, como uma farinha integral, foi fruto de muitos processos
industriais obscuros dos quais não sabemos nada. O pão branco que é encontrado
na padaria, se for feito apenas com farinha de trigo branca, fermento e água
poderá ser mais natural do que certos produtos naturais que são vendidos como a
maravilha do mundo (não estou defendendo o uso de pão branco, por favor).
Muitos produtos são elaborados a partir de plantas
(especialmente o milho e a soja) associadas a derivados do petróleo, mas o fato
de conter partes elaboradas do milho ou da soja podem ser tratados como algo de
tal excelência que garante um preço maior do que mereceriam.
A razão deste texto é alertar àqueles que têm cuidado com o
que comem, para não se deixarem levar pela rotulagem “orgânica”, ou “natural”.
É importante que leiam as letrinhas miúdas, que na medida do possível se
informem sobre como são produzidas aquelas coisas das letrinhas miúdas e tomar
uma decisão a partir do conhecimento e não apenas da crença nos fabricantes.
Infelizmente em uma sociedade como a nossa, seja ela de orientação capitalista
ou comunista (ainda há?), o desejo de lucro ou de poder (ou dos dois), tão
frequente à esquerda e à direita do espectro político (aliás, no centro
também), a saúde dos consumidores não é o foco maior da produção.
Abramos nossos olhos.
Recebam um abraço desconfiado de Aureo Augusto.
Hj sigo uma regrinha básica: o menos industrializado (manipulado) possível, independente de rótulos, pois não se deve confiar nos que são movidos pela ganância.
ResponderExcluirabçs
Também sigo esta regra e qdo uso algo leio os rótulos com cuidado.
Excluirabraço