segunda-feira, 13 de junho de 2016

ALIMENTOS ORGÂNICOS INDUSTRIAIS

Primeiro pegam milho e deixam de molho por 36 horas em água com anidrido sulfuroso, para que os grãos inchem e o amido se separe do resto. O germe será esmagado para produzir óleo, a casca será usada para produzir vitaminas e aditivos, e o amido irá sofrer diversos processos até se transformar em maisena, um pó branco do mais puro amido. Este pó sofrerá mais algumas ações de enzimas artificiais e outros processamentos para se converter, por exemplo em glicose de milho (que quando eu era pequeno minha mãe me dava pensando que era a melhor coisa do mundo – Karo, não sei se ainda existe) ou em frutose de milho, que é mais doce ainda. E ambos têm um índice glicêmico inacreditável; talvez sejam os maiores responsáveis pela atual epidemia de diabetes tipo II no mundo.

Você vai me dizer que não come essas coisas, mas encontramos esses produtos em 9 de 10 produtos industrializados, tais como carnes processadas, enlatados, refrigerantes (basicamente são feitos disso) etc. Leia os rótulos e encontrará nomes como ácido cítrico e lático, maltodextrina, ciclodextrinas, frutose, goma xantana, amidos modificados etc. Quem nos conta isso é Michael Pollan no livro “O Dilema do Onívoro” que todos deveríamos ler.

O que me preocupa e quero partilhar com vocês, é que recentemente estamos sendo apresentados a muitos produtos ditos orgânicos, ou, naturais, apenas porque são feitos com milho e outras plantas, mas não nos contam em seus rótulos que aquela maltodextrina de milho, não saiu do milho pura e simplesmente, como uma farinha integral, foi fruto de muitos processos industriais obscuros dos quais não sabemos nada. O pão branco que é encontrado na padaria, se for feito apenas com farinha de trigo branca, fermento e água poderá ser mais natural do que certos produtos naturais que são vendidos como a maravilha do mundo (não estou defendendo o uso de pão branco, por favor).
Muitos produtos são elaborados a partir de plantas (especialmente o milho e a soja) associadas a derivados do petróleo, mas o fato de conter partes elaboradas do milho ou da soja podem ser tratados como algo de tal excelência que garante um preço maior do que mereceriam.

A razão deste texto é alertar àqueles que têm cuidado com o que comem, para não se deixarem levar pela rotulagem “orgânica”, ou “natural”. É importante que leiam as letrinhas miúdas, que na medida do possível se informem sobre como são produzidas aquelas coisas das letrinhas miúdas e tomar uma decisão a partir do conhecimento e não apenas da crença nos fabricantes. Infelizmente em uma sociedade como a nossa, seja ela de orientação capitalista ou comunista (ainda há?), o desejo de lucro ou de poder (ou dos dois), tão frequente à esquerda e à direita do espectro político (aliás, no centro também), a saúde dos consumidores não é o foco maior da produção.
Abramos nossos olhos.


Recebam um abraço desconfiado de Aureo Augusto.

2 comentários:

  1. Hj sigo uma regrinha básica: o menos industrializado (manipulado) possível, independente de rótulos, pois não se deve confiar nos que são movidos pela ganância.
    abçs

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    1. Também sigo esta regra e qdo uso algo leio os rótulos com cuidado.
      abraço

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