quinta-feira, 22 de julho de 2010

PROJETO CHAPADA FESTEJA RESULTADOS NO IDEB

O Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (link ao lado), que juntamente com várias cidades da Chapada Diamantina e do Semi-árido, leva adiante o Projeto Chapada está festejando os resultados do IDEB e da Prova Brasil este ano. Como no ano passado, o melhor IDEB da Bahia no Fundamental I está com Boa Vista do Tupim, um dos municípios da rede. As notas desta localidade são excelentes e vale registrar que a partir de determinados pontos, a continuação do crescimento na nota vai ficando cada vez mais difícil, mas esta cidade não parece sentir estes efeitos.
O IDEB de Boa Vista do Tupim em 2005 era de 2,2 porém os investimentos em educação e a precisão no implemento das práticas promovidas pelo Projeto Chapada levaram a que em 2007 o resultado passasse para 4,8, algo que despertou a atenção do Brasil, mas não o suficiente a ponto de os governos estadual e federal, bem como instituições de pesquisa em educação se interessasse pelo fato. O, à época, Secretário de Educação da Bahia estava em reunião com os municípios que participam da rede do Instituto Chapada quando foi divulgado o resultado, e ele informou que estava chegando de Brasília e lá comentaram sobre Boa Vista e Ibitiara (que em 2007 foi o primeiro lugar em Fundamental II) e ficou surpreso porque aqueles municípios participavam da rede com a qual estava reunido, mas, infelizmente, além da surpresa nada mais aconteceu. Agora o mesmo município alcança o IDEB de 5,8. Um número muito significativo. Observe-se que para as autoridades da educação em Brasília, apenas em 2021 é que Boa Vista do Tupim alcançaria o IDEB de 4,5 e, no entanto, já agora, em 2009 (o estudo federal é feito no ano anterior ao ano em que é anunciado) alcançou a significativa cifra de 5,8. Boa Vista do Tupim e o ICEP estão de parabéns.
Mas não apenas Boa Vista está se destacando na educação na Bahia, e a Chapada Diamantina e o ICEP estão mostrando que é possível educação de qualidade, sem custos exorbitantes e, até agora, sem apoio efetivo dos centros de poder estadual e federal.
Motivos para comemorar:
1. Primeiro lugar, melhor IDEB do Estado da Bahia: Boa Vista do Tupim com nota de 5,8 e na prova Brasil 6,3! Nunca é demais repetir!
2. Segundo melhor IDEB do Estado da Bahia: Piatã.
3. Terceiro melhor IDEB do Estado da Bahia: Ibitiara.
4. Nada menos que 99% dos municípios da rede avançaram nas Médias de língua Portuguesa.
Observe-se que dentre as cidades da rede do Projeto Chapada, todas, sem exceção, superaram as projeções que o governo federal fez para elas. Explico melhor: O Ministério da Educação considerou que 3,2 seria a nota em 2009 de Souto Soares, porém esta cidade alcançou 4,4. A projeção para Ibitiara era 4,3 mas deu 5,0. Pensaram que o máximo que Utinga alcançaria seria 2,5 mas este município alcançou 4,0! Para Irará, no semi-árido, mas que também faz parte da rede, 2,8 seria a meta, mas ela alcançou 4,3! TODAS as cidades da rede superaram os valores que supostamente alcançariam. Esta é uma grande vitória.
Note que a maior parte das cidades que partilham entre si o jeito de educar proposto pelo Projeto Chapada (que, convém registrar, é uma criação local) alcança um IDEB maior do que o do Estado da Bahia, que é de 3,8. Cidades importantes da Bahia ainda deixam muito a desejar quando o assunto é educação. Salvador, capital do estado, alcança um nota de 2,8 no IDEB, um resultado pífio, para nossa infelicidade. Feira de Santana, a segunda cidade em importância na Bahia, tem resultados melhores do que a capital, pois seu IDEB é de 3,1 embora ainda muito inferior aos das cidades da rede ICEP. Como medida para comparação, Minas Gerais, o estado que historicamente tem investido mais em educação no Brasil, tem um IDEB de 5,6. Na Bahia apenas as cidades que fazem parte da rede do Projeto Chapada se aproximam deste valor.
Uma pergunta que merece contemplação: Por que cidades pouco reconhecidas economicamente, do interior da Bahia, que não dispõem de recursos abundantes, conseguem avançar tanto?
A resposta é relativamente simples: Seriedade, organização, vontade política. O Projeto Chapada propõe formação continuada vinculada ao contexto de trabalho de coordenadores pedagógicos, diretores escolares e professores com acompanhamento próximo dos profissionais. Quando uma cidade alcança um nível razoável onde os diversos segmentos da educação se aliam ao executivo municipal, superando as barreiras políticas e politiqueiras, os resultados se fazem notar de imediato. Prefeitos, secretários de educação, diretores escolares, coordenadores pedagógicos, professores, pais e estudantes são chamados a levantar a bandeira por uma educação de qualidade, com foco na aprendizagem dos estudantes. A resposta positiva a este chamado é a garantia dos resultados.
O ICEP fica imaginando se a estas cidades fossem dadas melhores condições de apoiar seus estudantes e profissionais da educação, como, por exemplo, recebendo recursos para farta distribuição de material literário entre seus estudantes, fator considerado essencial para a criação de ambiente leitor e escritor. Nesse o caso, o IDEB explodiria, o valor deste trabalho atrairia tanto a atenção que talvez a pergunta que vem não precisasse ser respondida.
Por que a mídia falada e escrita, as instituições acadêmicas, os altos escalões dos governos estaduais e federal dedicam tão pouca atenção aos resultados do Projeto Chapada?
Quanto à mídia, devemos reconhecer que a rede Globo já visitou várias vezes a Chapada Diamantina para fazer reportagens sobre estas pequenas cidades do interior da Bahia que estão conseguindo resultados surpreendentes. A revista Nova Escola com freqüência tem reportado sobre este trabalho, mas, a realidade é que nem estas importantes inserções têm chamado a atenção da governança nacional ou estadual, o que é intrigante.
Podemos considerar que tenha a ver com o fato de que o Projeto Chapada não se vincula a nenhum partido. Uma cidade que postule fazer parte da rede não será questionada quanto ao partido que o prefeito escolheu para se filiar. Pergunta-se à rede de educação municipal se esta quer arregaçar as mangas e sair da mediocridade em que o ensino público brasileiro mergulhou há talvez mais de um século. Esta postura apartidária, ou dito melhor, suprapartidária, pode ser algo que implique em desinteresse dos poderes maiores da república. Lanço isso como hipótese a ser estudada.
Outro aspecto é que o Projeto Chapada é muito barato. Sendo assim (mas também por que o ICEP não transige com o uso dos recursos), cifras monetárias gigantescas que tanto atraem as manifestações de aprovação são colocadas em segundo plano. Um município pagará por ano por cada aluno apenas em torno de R$10,00 para implementar as ações do Projeto Chapada, o que é pouco, tão pouco que foi este um dos fatores que levou a CEPAL, instituição vinculada à Organização das Nações Unidas a incluir o Projeto Chapada na lista dos vinte melhores da América Latina e Caribe em 2005. Mas o pior, esta sistemática de atuação em educação não garante lucros exorbitantes para grandes empresas. Não existe por trás do ICEP uma organização voltada para o lucro na educação, seja pela venda de sistemas, computadores programados, cursos rápidos e coisas assim. Ou seja, o Projeto Chapada não dá lucros financeiros. Dá resultados na educação e só.
Ocorre-me também que outro motivo é que o projeto é uma criação local. Foi elaborado por uma comissão constituída dentro de doze municípios da Chapada Diamantina, com o apoio inestimável do Programa Crer Para Ver da Natura e de educadores de peso do nosso país. O processo de construção foi demorado e procurou atender à demanda maior que é alfabetizar de verdade. Aliás, esta é uma das dificuldades do ICEP. Hoje a preocupação com a alfabetização nem sempre atrai os cuidados devidos. Pensa-se a escola como lugar de inclusão, de socialização, de ludicidade, de resgate das tradições etc. coisas muito justas indiscutivelmente, porém tem-se negligenciado o fato de que os estudantes entram na escola para aprender a ler e escrever de forma proficiente. Quiçá por isso também a visibilidade destas heróicas cidades que tomaram a seu cargo uma educação focada na aprendizagem dos seus estudantes não seja tão evidente.
Aureo Augusto é médico, faz parte do
grupo de sócios fundadores do ICEP e é
Cidadão Benemérito de Palmeiras-Ba.

9 comentários:

  1. Muito Bom Tio... É Lastimável o que os Políticos Fazem com o Nosso País. Isso prova que a única coisa que atrapalha o desenvolvimento do mesmo é essa ganância pelo poder por parte de Empresas e dos Próprios Governantes... irei Divulgar Em todos os meios que me são cabíveis esta Matéria!!

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  2. Grato Thiago,
    merece que todos saibam os resultados de um trabalho mto legal

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  3. Olá Aureo, é assim que se faz, divulgue mesmo, o que ICEP tem feito pela educação dos municipios que o segue. Sou professora do Centro Educacional de Novo Horizonte, cuja nota do IDEB, ficou em 4.8 que estava projetada para 2013.Não sei o que seria de nós sem a formação que recebemos do ICEP, sem ela sei que o nosso IDEB,não chegaria a tanto.

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  4. Aureo,
    Que bom é a ressonância do nosso trabalho, me orgulho de fazer parte dessa rede, embora o nosso município ainda não esteja nesse patamar, mas já alcançamos avanços também.Tenho certeza de que é possível melhorar quando se quer!
    Que essa conquista sirva de nodelo para o país!
    Beijos
    Joselma - Seabra - Bahia

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  5. Grande Joselma,
    Precisamos de gente que quer de verdade fazer a educação. Grato!

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  6. Aureo querido estimo que esteja bem!
    É comum ouvirmos as pessoas dizerem que pra educação desse país não há mais solução! Que as coisas nesse setor seguirão sempre alijadas de qualquer ação mais sistemática.Gastam se quilômetros em falação e nada de ação. Isso para uns, para aqueles que desrespeitam a condição de aprendiz de tantas crianças nesse país. Nós da rede ICEP NÃO! Acreditamos em educação e fazemos-na com bastante precisão!enfrentamos os desafios com garra na busca insensante pela tão sonhada educação de qualidade e estamos no caminho!As avaliações externas vem revelando esse caminhar. Além disso, em cada município são celebrados momentos ímpares de diferentes ações desde as reuniões de pais aos conselhos de classe... A mudança é explícita! Ficamos bastante felizes com o reusltado do IDEB dos municípios desta REDE e em especial com o nosso, pois, crescemos nos dois segmentos...Isso é fantástico!Quero compartilhar essa alegria com todos do ICEP que tem nos ajudado sempre. Essa parceria é 10!Agradecer minha equipe, meu prefeito...Todos que estão ao nosso lado nessa caminhada....Que venham novas celebrações!E que o Governo Estadual e Federal possam "OLHAR" para esse novo jeito de fazer educação e claro aprender com a gente!
    Abraços,
    Reinaldo Vieira - Supervisor do Fundamental II - Ibitiara-BA.

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  7. Sou professora do ensino fundamental II do municipio de Novo Horizonte... Sempre acreditei no trabalho do "Projeto Chapada" hoje ICEP... Também creio que os bons resultados do IDEB deve-se a todo esse processo de formação realizado pelo instituto... Os professores estão cada vez mais comprometidos com o seu trabalho devido a necessidade de ter-se bons resultados! Parabéns a todos nós! A antiga frase de que a união faz a força, cabe bem nesse momento... "Juntos podemos fazer a diferença..."
    Cátia Silene

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  8. Caros Reinaldo e Cátia,
    Vcs devem saber e sentir o mesmo que eu. Sinto-me profundamente honrado por fazer parte desta rede. Minha parte é mto pequena, porém ainda assim, tenho a sensação de fazer parte de um grande trabalho. Somos uma coisa maravilhosa!
    Sou grato pq vcs existem.
    Abraço carinhoso.

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  9. Isso ee muito interessante e q cada vez mais possamos nos empenhar

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