terça-feira, 26 de outubro de 2010

III ENCONTRO DE PROFISSIONAIS DE ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Embora viva no Vale do Capão, um lugar para saborear com os olhos e o corpo, às vezes fico um pouco sobrecarregado de trabalho. Sou o médico da USF (unidade de saúde da família) e, portanto, trabalho durante o dia no posto. Mas este tipo de serviço de saúde pede ações como educação para a saúde e outras que às vezes nos toma o tempo em outros momentos. Ademais, como o Vale fica a pouco mais de 20km da sede do município, mesmo fora do horário o pessoal que trabalha no posto pode ser chamado a ajudar a população quando de seus problemas de saúde. Às vezes podemos passar vários dias e até semanas sem ter nenhuma urgência fora do horário de trabalho, mas noutros momentos há um acúmulo de ocorrências e por isso o tempo encolhe. Nos dias 21, 22 e 23/10 fizemos o III Encontro de Profissionais de Saúde da Família do Vale do Capão. Esta atividade foi proposta desde o princípio pela equipe do posto, e a DIRES 27 (Diretoria Regional de Saúde), cuja diretora é Larissa Paiva, sempre deu apoio total ao evento. Também temos tido o apoio inestimável da EFTS (Escola Federal de Técnicos em Saúde) e da SESAB (Secretaria Estadual de Saúde). Para nós é uma tarefa hercúlea realizar este encontro mesmo com a ajuda dos parceiros. É que organizar um evento traz uma razoável quantidade de ações, as quais se acrescentam à enorme gama de atividades que já temos no dia-a-dia. A equipe se desdobra. Por coincidência logo que começou o evento, duas mulheres abortaram espontâneamente, outra pensou que ia parir e não pariu, ocorreram crises hipertensivas, acidentes de bicicletas e motos com costuras e curativos e uma criança rasgou a cabeça em suas traquinagens e por isso foram necessários alguns pontos. Vai daí que não pude, como no ano passado, “falar” pra vocês sobre o encontro. Agora o faço, porque o carro que vem me buscar para o atendimento nos povoados da Conceição dos Gatos e Rio Grande está atrasado (coisa, aliás, que me desespera porque não gosto de saber que estão me esperando – ainda mais na Conceição, onde as pessoas são, em sua maioria, idosas).
O III Encontro honrou o brilho dos anteriores. Foi bem legal. A equipe aprendeu muito – na verdade um dos motivos pelos quais fazemos esta atividade é chamar pessoas que possam nos ensinar. O pessoal da EFTS, do DAB, os demais palestrantes nos mostram o que acontece, como fazer para melhorar e as dicas se somam à simpatia deles, de modo que fica tudo muito prazeroso. Desta feita a sempre brilhante e apaixonada Mary Galvão nos trouxe um estudo da situação do atendimento à mulher grávida e ao parto na Chapada Diamantina, iluminando-nos os caminhos. Elânea do núcleo Itaberaba da EFTS acrescentou mais material do tema, ao falar sobre o nosso papel na realidade da mortalidade materno-infantil. Depois o Dr. Ari Avelar, meu colega de turma na faculdade (quando era conhecido por Dr. Gal, por causa do seu cabelo Black Power) alertou-nos para a necessidade da busca ativa de pessoas com tuberculose. Sua palestra causou forte interesse em nossa equipe. Tuberculose é um sério problema de saúde pública no Brasil, sabemos disso, mas sua fala nos trouxe para uma realidade mais séria do que imaginávamos. Sílvia Laranjeira do DAB tem estado conosco desde o primeiro encontro, trazendo sua fala, sua dedicação e esforço e desta vez estava novamente aqui (agora acompanhada da competente simpatia de Vanessa Lima), na fala – essencial – sobre política de atenção básica, prestando esclarecimentos e fazendo comentários pertinentes. O pessoal da cidade de Iraquara fez uma apresentação para nós, reproduzindo o trabalho que têm feito para esclarecer a juventude sobre doenças sexualmente transmissíveis. Deram boas dicas de como lidar com os nossos jovens, que aproveitaremos. Foram muitas coisas e muitas pessoas, isso sem contar as pessoas que estavam escutando os palestrantes, trazendo perguntas que levavam a considerações mais percucientes. Foi enfim muito bom e sei que cometerei injustiça, deixando de falar de algumas pessoas cuja participação fez com que a coisa fosse tão boa.
Desta vez incluímos, no sábado, um passeio à Cachoeira do Riachinho (na verdade eu preferia ir à Cachoeira da Angélica e depois à Cachoeira da Purificação, mas parte da turma, os farristas que ficam até tarde no converseiro, preferiu um lugar mais fácil de ir), onde tomamos um gostoso banho e contemplamos, porque é um lugar onde, mesmo com muita gente, somos convidados ao silêncio ou a conversas tranquilas.
O carro está chegando para me levar aos atendimentos. Vou fechar esta escrita. Já estamos nos reunindo para ver como será o IV Encontro. A roda da vida não para e é por isso que é bom viver!
Abraço carinhoso para todos de Aureo Augusto.

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