No Porto não demorei quase nada, confesso. Fui de trem – eles chamam comboio e um professor da Universidade me disse que trem é um termo antigo aqui em Portugal que já caiu em desuso – ou seja, nós, brasileiros, falamos um português antiquado, coisa que acredito. É um trem bem diferente da Maria-fumaça que tomei quando ainda era jovem. A última vez que peguei um trem foi no meu último plantão em Alagoinhas, ainda estava no 5o ano de Medicina. Como era o último dia, quis fazer algo diferente e voltei para Salvador de trem, saltando na estação da Calçada (tão linda). Bom, isso foi há muito tempo! O trem daqui parece um metrô. É rápido, silencioso e não solta fumaça. Em um instante estava passando sobre o rio divisando a impressionante cidade do outro lado do rio. Ouvi dizer que a cidade era cinza e, é. Estranho dizer isso, mas é. Apesar das cores aqui e acolá, é cinza. Não vou dizer mais porque demorei pouco, uma manhã e isso é pouco.
Na verdade estive no Porto antes de visitar Óbidos. Aliás, esta cidade me faz alertar vocês. Tomem cuidado com as fotos dos hotéis na internet. O que fiquei em Óbidos, pelas fotos era amplo e espaçoso, mas na hora a cama era bem apertada o quarto pequeno e o preço jamais correspondeu ao pagamento. A cidade, como disse antes, é muito impressionante e bela, porém o melhor não é dormir lá, como fiz. É caro e em uma tarde dá pra ver tudo. Agora estou de volta a Lisboa. As pessoas aqui não estão contentes. O governo anunciou um pacote econômico de lascar. Quem ganha acima de 1500 euros terá redução do salário que varia de 3% a 10% conforme o que recebe. Fiquei horrorizado. Perda salarial é porradão. Claro que os sindicatos estão se mexendo. O que me faz pensar é que os importantes fizeram besteira (e fizeram, ademais aqui também tem corrupção) e os funcionários públicos pagam a conta. Esse negócio de reduzir salário é muito estranho.
Comecei a ler o livro Portugal Hoje, O medo de Existir, do filósofo José Gil. Foi-me explicado que lendo-o entenderei melhor a tristeza do português. Estou gostando muito da leitura, o cara é fera. Pergunto como será para esta gente se os jornais já anunciam que o próximo ano será terrível.
Recebam um abraço crítico de Aureo Augusto
Tou com medo daqui tb. (com esta "folia eletoreira"
ResponderExcluirEu estive em Petrópolis e Rio de Janeiro, dias atrás.
As cidades ferviam de turistas mas o que me chamou mais atenção, por incrível que pareça, foi a antipatia dos nossos patrícios portugueses. Mais calados, mais sérios e nem aí para a nossa acolhida. E senti uma pequena "saia justa" quando no Museu Imperial, o Guia nos explicou o que realmente tinha acontecido aqui no Brasil Império.
Enfim, eu tenho contato com uma holandesa, pois fazemos parte de um mesmo fanclub de um filme americao e ela tb tem um perfil triste, mais probelmático, mais lamentoso.
Será que a mistura de raças nos fez um povo mais alegre, mais saltitante e mais feliz?
Pq eu convivio com um grupo de pessoas pobres, com dificuldades inúmeras, problemas cabeludos mesmo mas basta tocar um Silvano Salles ou um Psirico da vida que eles saem arrochando ou pagodando em alto e bom som, para desespero de alguns (inclusive o meu....rsrsrsr).
Estou amando as suas postagens. Além de um excelente escritor, vc tem a "véia cômica" sem ficar ridículo.
Abraços!!
Jussiara,
ResponderExcluircomo sempre vc é mto legal comigo em seus elogios. É um grande incentivo! Penso que a miscigenação teve um papel importante em nossa alegria, com certeza!
Noto tb que os pobres têm mais facilidade para a diversão, enquanto os ricos são mais exigentes.
Um beijo