domingo, 16 de janeiro de 2011
O FILHOTE TRANQUILO
Aqui no Vale do Capão há um passarinho pouco maior que o tico-tico, e mais elegante, que ostenta uma cabeça amarela e na barriga um azul celeste inigualável. Sua beleza atrai a atenção imediata. Ontem, Cybele e eu encontramos um pequeno bando deles quando voltávamos de uma caminhada ao poço da Cruzinha, onde nos banhamos. Achamos que estavam um pouco agitados e logo descobrimos a causa. Um filhote estava firmemente ancorado em um graveto na beira da estrada, uma posição perigosa. Os adultos agitados pareciam incitá-lo a voar, a sair dali o quanto antes. Já o filhote parecia não estar disposto a afastar-se da suposta segurança do pouso em que se encontrava. Ficamos preocupados com o destino do pequeno e nos dispusemos a vigiar enquanto a situação não se resolvesse. Imaginamos que havia caído do ninho e um morador próximo, que tem o apelido de Barão, considerou a possibilidade como verdadeira. Então, os três ainda procuramos onde poderia estar o ninho para devolvê-lo, mas não tivemos sucesso. Enquanto isso, os pássaros adultos continuavam ao redor do filhote, sem levar nossa presença em consideração, só se afastando quando nos aproximávamos a ponto de estarem ao alcance da mão. Em dado momento dois adultos que supomos serem o pai e a mãe se aproximaram com frutinhas negras nos bicos e deram de comer ao filhote. Em seguida todos se afastaram, deixando o filhote só. Barão foi cuidar de sua vida enquanto Cybele e eu começamos a deliberar. Pensamos na possibilidade de que o pequeno não conseguia voar e os adultos na impossibilidade de carregá-lo decidiram abandoná-lo. Pensamos até em trazê-lo a nossa casa, mas e se ele não aceitasse comer? Cybele encontrou as frutinhas que os pais lhe tinham dado e eu aproximei-me do bichinho com uma delas. Ele olhava para mim aparentemente sem medo. Pude tocá-lo sem que esboçasse qualquer tipo de reação. Em seguida ofereci-lhe a fruta. Nem abriu o bico. Mas quando, sem querer levei minha mão por cima da sua cabeça, em uma configuração que lembrava a altura de seus pais ele abriu o bico. Segurei a cabeça dele com muita delicadeza e ele abriu o bico e aceitou prazerosamente o alimento. Isso nos animou, caso estivesse abandonado, poderíamos alimentá-lo. Mas nesse momento os adultos voltaram. Ele começou a dar pequenos vôos/saltos e depois voou para lugar seguro, mas ainda ao alcance de nossas vistas. Foi uma alegria para nós vê-lo junto a seus pais voando daquele jeito infantil. Ficamos tão felizes de encher os olhos de lágrimas.
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Não sabia qual dos artigos comentar, porque todos me comoveram. Como escolhi a do filhote de passarinho? Não sei. Talvez porque tenha ninhos (dois) na varanda do apartamento (ninhos urbanos, portanto), e me deparo sempre com as peripécias dos filhotes, que às vezes entram em casa e se escondem atrás das cortinas ou dos livros na estante. Na verdade, o comentário é somente para o abraço e para reafirmar que é um privilégio ter, no meu caminho, uma pessoa rara como você.
ResponderExcluirGrato Berna, aliás o seu comentário nos traz a verdade de que o ser humano com todas as suas obras está inserido na natureza e vice-versa. Vc no apartamento, tão perto dos passarinhos qto eu, aqui no Vale do Capão.
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