segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

RÉVEILLON NO VALE DO CAPÃO

Acontecimentos muito dolorosos (dos quais tratarei mais tarde nesta blog) fizeram com que este texto só agora possa ser colocado, conquanto o tenha escrito há algum tempo.
Neste período sempre sou levado a pensar no passado. Aqui no Vale do Capão antigamente, ou seja, quando cheguei aqui, não havia um festejo de natal e tampouco Réveillon. Tínhamos o reizado que celebrava de alguma maneira o início de um novo ano, mas há quase trinta anos este mundo era bastante isolado do universo lá fora. Então começaram a chegar as pessoas “de fora” para morar aqui e o povo nativo adotou-lhe muitos dos costumes uma vez que perceberam que isso contribuía para melhorar a sua vida. Sempre me impressionou a forma como a população do Capão absorveu rapidamente os costumes externos. Naquela época, para segurar meus cabelos compridos, usava tiaras. Logo as pessoas me pediam que lhes fabricasse tiaras e era interessante ver o pessoal com a enxada nas costas ostentando tiaras coloridas. Depois surgiram dois amigos que cortavam cabelos desenhando nas cabeças e a juventude do vale desfilava com as cabeças decoradas. Além dessas manifestações mais superficiais, a população adotou vigorosamente o pensamento ecológico, a criação de abelhas, o cuidado com a limpeza dos espaços públicos (Beli casou uma de suas filhas recentemente e a festa foi na rua; ela cuidou de ter tonéis para o lixo plástico), o interesse pela educação, o calor com que participam (ou mandam seus filhos participarem) das aulas de dança, capoeira, coral etc. bem como o investimento em novas formas de obtenção de recursos – a população viu as pousadas construídas pelos imigrantes e logo construiu suas próprias, algumas lindas, ou criou mercados e supermercado entre outras modalidades econômicas. Como no planeta Terra tudo tem dois lados e um deles é negativo, diversos jovens se aventuraram pelo tortuoso e perigoso caminho das drogas. Mas disso já tratei na postagem anterior.
Hoje, após um Natal repleto de presentes, onde o nosso Papai Noel Negro (Delson – excelente pedreiro e um sujeito bem especial) distribuiu presentes para as crianças, o povo se prepara a festa da passagem do ano. As pousadas estão lotadas, arrumadas e lindas, a postos para receber o povo que quer visitar o vale nesta mais uma passagem do tempo. Interessante é que, por ser circular, o giro da Terra começa em qualquer ponto que indiquemos. Em realidade não há um momento específico em que o planeta comece seu périplo. Mas, nós humanos, gostamos de rituais. Gostamos também de começos e re-começos. Por isso marcamos o 31 de dezembro/1º de janeiro. Por isso nos sentamos para orar, meditar, cantar, espocar espumantes, silenciar (cada um conforme seu jeito) esta data. Dessa maneira o inexistente passa a ter significado. O povo do vale vibra porque estamos diante de uma nova oportunidade de mudar, realizar os sonhos, de sermos melhores. Eu também, mesmo que depois de receber com Cybele as pessoas que amo em um jantarzinho agradável em torno das 20h, me recolho para dormir e em geral na meia-noite estou ferrado no mais agradável do sono.
Portanto, uma vez que estamos em vias de aportarmos em um novo momento com novas oportunidades, quero desejar a vocês que me acompanharam em 2010 muita felicidade, novas descobertas reveladoras de caminhos iluminados.
Recebam meu abraço carinhoso, Aureo Augusto.

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