Já se sente no ar o clima de Natal. Mesmo aqui nas lonjuras do Capão. Antigamente por aqui não havia esta coisa de presentes. O Natal era só uma celebração religiosa. Hoje, com o avanço avassalador da comunicação a celebração é comercial a todo vapor. O Natal para mim sempre foi algo um tanto ambíguo e continua sendo. De pequeno, gostava mesmo era de São João, com seus brilhos de fogos e fogueiras. Mas meu pai, no meio da noite em dezembro, colocava em nossos sapatos aos pés da cama um presente. Lembro-me de caminhões coloridos, de um jipe de plástico... Dionísio, meu irmão mais velho, batizado Dionísio Aurélio, em homenagem aos dois avós, respectivamente paterno e materno e de um herdou o dom para as coisas manuais e a criatividade; do outro a magrem. Este meu irmão construía carrinhos de papel e papelão, televisões com caixas de fósforos e antenas de chicletes e alfinetes que eram uma alegria para mim e para meu irmão menor (na idade, não no corpo). Também, atento, nos acordava assim que meu pai deixava os presentes e passávamos parte da noite gozando da alegria daquele regalo natalino. Não era como hoje, muitos presentes. Era um só e a alegria não tinha tamanho. Mesmo assim, o São João era “a festa”. E ainda é.
O Natal continua sendo uma coisa ambígua. Detesto a correria para os presentes. No ano passado viajei a Salvador para a festa e saí da estrada para o shopping. A confraternização primeira foi com os vendedores, alguns muito cansados da jornada extorsiva, as filas, a tensão das pessoas comprando de um jeito que em alguma medida me parecia uma espécie de drogadicção e/ou condenação de todo um grupo social. E eu no meio. Não gosto dessa parte, embora goste muito de dar presentes. E receber! Não me agrada esta coisa obrigatória que esconde e mesmo aplasta o sentido de solidariedade que a celebração inspira (ou inspiraria).
Por outro lado tem o encontro com a família. Minha família, em que pesem os naturais problemas comuns às famílias, quando se encontra é realmente uma delícia. Temos um senso de humor e tanto. Rimos muito de nós mesmos. Emociono-me agora vendo na imaginação meus pais já muito idosos (87 e 89 anos – ela é mais velha e dizemos que tirou o velho de casa quando era um garoto inocente – o que a faz rir), felizes com os filhos e netos em uma molequeira sã se esgoelando com piadas tantas vezes repetidas, mas sempre com sabor renovado. Um garoto vizinho da casa de meus pais quis participar porque um dia viu a alegria daquele momento. Ex-esposas de meus irmãos não perdem também. Outros vizinhos acabam participando. Ali, naquele momento de ternura exuberante, a família extensa (no caso muito extensa, já que inclui vizinhos) irmanada pelo desejo do encontro feliz, o patriarca e a matriarquinha (porque minha mãe é bem mirrada), despojam-se da imagem comum, aquele estereótipo de pessoas dominadoras, e são o álibi, para a celebração. É verdade que Jesus é um exemplo e seu exemplo deve ser lembrado. Mas é minha mãe e meu pai, meus irmãos adoráveis, meus filhos que amo como se meu coração houvesse sido construído de matéria que os vivifica, meus sobrinhos maravilhosos (incluo aqui os filhos do Miklos, vizinho de meus pais e amigo/irmão de longa data), enfim, é essa coisa absurda, louca, difícil, impossível, indispensável: família.
É natal, ufa! Não dá pra não chorar!
Em 20 de dezembro de 2009, desejo para todos vocês um natal maravilhosamente ambíguo.
Aureo Augusto
"OW Véei!!" Covardia da Zorra viu!! Texto Maravilhoso, embora curto! aliás, qualquer livro se tornaria curto na tentativa de contar sobre nossa família! As Histórias de Meu avô Aureo que o Diga, não é?! rsrs! Dá vontade de Fazer documentário, livro, filme ... enfim! São tantas coisas Boas que até aquelas novelas Aristotélicas com aquelas linearidades temporais perdem para a nossa História! O engraçado é que eu fico pensando as vezes que muitas coisas do passado se perderam. Mais é Inevitável porque Crescemos! Lembrei das nossas idas à Pizzaria e que fazia-mos do bom e Velho Opala uma nave! Nossa Como é bom lembrar dessas coisas. e Meu "Comentário" aqui está virando um post! mas enfim, Com certeza nossa atribuições do dia-a-dia nos afastam, pra vc ter uma Idéia tem uma semana +/- que ñ consigo passar na casa de minha avó (praticamente aqui do Lado). Adooro o Natal!! Nos reunimos e Brincamos Muito!!!
ResponderExcluirAbração Tio!!! e até daqui a alguns dias!! HEhe!
Aliás... "hehe" não, O Correto para esta Ocasião é: HOW HOW HOW!!!! hauhaua! Abração!!!!
Sim Thiago,
ResponderExcluirtemos mtas histórias para contar. É uma família rica, mto rica, não tto em dinheiro (How, How, How).
Nossa. Quanta coisa parecida. Eu tenho os mesmos sentimentos ambíguo em relação ao Natal. Mas amo a Confraternização, os encontros familiares, as trocas de presentes e amo tb fazer as minhas Ações Cristãs com os meus nativos, em Cações.
ResponderExcluirMAS ODEIO o consumismo perverso da época. Não deveria ser assim. Vira um caso de estresses. E tb confesso que fico saudosista e emotiva com determinadas músicas. E .....
Tb adoro o São João. Adoro de paixão, especialmente pelo clima frio, pela chuva, pela quentura da fogueira e do forró pois amo danaçar.
Parabens Dr. Aureo por mais este post. Muito lindo.
FELIZ NATAL! HOW HOW HOW *risos*
Cara Jussiara,
ResponderExcluirestamos no mesmo barco!
Tomara seu ano novo seja mto legal. Mtas realizações tto na alma qto na matéria.
Um abração,
Aureo Augusto