NOSSA!!! A semana passou e o pique de trabalho foi tanto que nem notei. Não consegui postar nada desde a sexta-feira passada. Mas hoje, nova sexta, mais um artigo. Este escrevi há bastante tempo, em um inverno rigoroso:
CORES, FORMAS, SABORES!
No Vale do Capão umas laranjas douradas – chupa-las pelo prazer da cor!
Os alimentos não apenas entram pela boca, mas também pelos olhos. Observem as crianças quando a elas apresentamos comidas saborosas. Seus olhos se enchem, inferem sabores, antegozam o repasto. Sempre me admiro do quase nunca com que a ciência tem consideração pelo superficial. As cores e a beleza são uma coisa superficial e, por isso, com freqüência são pouco apreciados pelos estudiosos, salvo a exceção de um ou outro cientista/poeta.
Não é por acaso que amamos as cores, os sabores e as formas. Ora, se o que interessa em um alimento é apenas o seu teor nutricional, as árvores deveriam ser todas iguais e trazer pílulas nutritivas. Não haveria necessidade da ampla gama de gostos que atende, diga-se, a todos os gostos. Dizia Lorenz, o estudioso da diversidade (a respeito das paradas nupciais) que “à natureza lhe agrada a variedade”. Aliás, esse tema da variedade merece uma consideração mais aprofundada, mas deixemo-lo para outra oportunidade. Entre as tradições médicas antigas, uma ligada a Teophrastus Felipus Aureolus Bombastus, cognominado Paracelso, nos ensina que há uma correlação entre a forma e cor dos alimentos e a sua utilidade para nós. Diziam seus seguidores (ainda dizem, pois que, todavia, há deles entre nós) que se uma fruta tivesse a forma de um coração, seguramente seria útil no tratamento das enfermidades cardíacas, por exemplo. Esta observação intuitiva, naturalmente será negada pela ciência. É tentador negar o que parece fantasia; porém às vezes a verdade se disfarça de fantasia. O mundo reveste-se entre nós de uma racionalidade (superficial, registre-se), porém que flerta sem notar com o mágico. Se não consideramos os mistérios do mundo como o que eles em realidade são, um mistério, perdemos muito de nossa grandeza. A decantada frase de Hamlet, “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia”, é tão repetida e mal utilizada quanto acertada. Há uma certa arrogância em considerar verdade apenas o que a ciência considera como fato. Mesmo quando aparenta humildade, como S. Pinker quando afirma em seu “Como a Mente Funciona” que a mente humana tem seus limites (e é verdade), mas que o ser humano não pode acessar a compreensão ansiada por aqueles que crêem, por exemplo, na espiritualidade, sendo isso apenas fantasia incompreensível pela mesma mente incompetente. No fundo ele está dizendo que não há mistério, há apenas o fato de que somos uma mente fruto de um corpo dotado de funções cibernéticas. O que pode até ser verdade, mas é verdadeiramente ignóbil não admitir outras possibilidades.
Mas, a despeito do que digamos ou não, as laranjas do Vale, têm a cor alaranjada (ao contrário da maioria das que compramos que estão mais para verdes ou amarelas), e com sua cor, tão solar, nos ajuda a suportar os rigores do frio, chuvoso e ventoso inverno daqui. Sabemos, que a vitamina C, a citrina, o cálcio entre outros elementos presentes em seu suco e polpa, nos fortalece contra os resfriados e gripes tão comuns nesta época. Claro que sempre podemos dizer que o que ocorre não é por causa da cor, mas o fato é que na natureza não há desconexão entre os fatos. E existem outros exemplos, como o das nozes (e outras amêndoas) tradicionalmente consideradas como boas para o cérebro, porque se parecem com aquele órgão. Hoje sabemos que nelas encontramos gorduras essenciais, por alguns conhecidas como vitamina B15 (ácido Aracdônico, ac. Linoléico e ac. Linolênico), sem as quais não se forma uma estrutura das células que compõem o sistema neurológico, denominada bainha de mielina, que tem importante papel na velocidade com que o impulso nervoso é conduzido pela célula.
E, cuidando para não transformar isso em verdade absoluta, vocês não acham que é muito interessante e misterioso?
Aureo Augusto em 2 de Julho de 2006
Nenhum comentário:
Postar um comentário