Agora são os morcegos. Quem acompanha meus escritos sabe que tenho uma longa (e nem sempre tranqüila) história de relacionamento com os animais do vale onde habito. Gatos malucos já freqüentaram minha casa, aranhas belíssimas, cobras elegantes (e assustadas). As aranquãs (nem sei direito como se escreve o nome destas lindas aves) assaltando minha horta, coelhos moleques compartilhando meus morangos, ratos do campo passeando em meu ombro enquanto telefono, garrinchas fazendo ninhos em meus livros, sabiás dominando minha varanda... A lista é grande. Agora são os morcegos.
Há cerca de duas semanas encontrei um morcego na escada de casa. Enternecido com o bichinho fiz-lhe carinhos na cabeça e no dorso e depois com cuidado levei-o para fora. Acredito que foi esse o meu erro. Ele sacou que aqui não há perigo e convidou a família, de modo que na cumeeira do ateliê eles se amontoam alegremente. Não é isso o que me incomoda. Gosto dos bichos, desde que não tenha de cria-los. Esse negócio de dar banho, vacina, levar pra passear não faz minha cabeça. Por meu gosto os companheiros que partilham comigo o mundo podem entrar e sair sem nenhum tipo de problema. O problema dos morcegos é que eles cagam. E não é pouco. A parede fica marcada, a esteira (e aí vem as formigas, umas grandonas e nervosas – também não era pra menos, comendo bosta!). Os morcegos acabam sujando as minhas coisas. No mais são bem legais. Mas como não escutaram meus apelos para se servirem do vaso sanitário (como, aliás, faziam no consultório antes de eu por os vidros nas janelas – só a pontaria que não era das melhores) ou jogarem o adubo (dizem que é dos melhores) lá fora nas plantas, estou sendo obrigado a solicitar que se retirem.
Aí toda hora vou lá, e futuco o lugar que escolheram. Agora, quando entro no ateliê, os danados já saem rapidinho e se escondem entre as telhas. Depois voltam, e eu futuco, e voltam. Minha intenção é que eles se cansem. Capricornianamente não me cansarei. Aliás, isso me diverte.
E agora? O que será que vem por diante?
Recebam um abraço morcegal em 11/1/10.
Aureo Augusto
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