Foi no final do ano passado que a notícia triste bateu no grupo que trabalha no posto de saúde da família aqui do Vale do Capão. Tivemos um concurso público, o que é muito legal, pois parte dos funcionários, o agente administrativo, o enfermeiro e o médico, por não serem concursados, podiam sair a qualquer momento. O concurso resolveria tal situação. A ag. administrativa optou por ser ag. de endemias e por isso saiu da equipe, mas a dor maior foi o enfermeiro, Gleiton Ulhôa, uma pessoa que conseguiu conjugar em uma só pessoa, qualidades excelentes, não conseguiu passar. Claro que ninguém entendeu. Fosse ele um simpático incompetente, ninguém estranharia; mas não é esse o caso. Ademais de ser uma pessoa muito agradável, cordata, interessada pelos, assim chamados pacientes, o cara é comprometido e faz o trabalho com cuidadosa competência. Ademais é assíduo defensor da eficiência do sistema, entende das burocracias burocraticamente impingidas sobre nós. A forma como me refiro à burocracia é apenas por que sou burro nesse negócio. Reconheço-lhe o valor e a necessidade, porém agradecia sempre a presença de Gleiton pairando sobre esta área.
Quando cheguei para trabalhar aqui, a primeira coisa que me disse foi que esta Unidade de Saúde da Família (USF) não estava cumprindo seu papel, uma vez que não realizava uma ação preventiva e educativa. Gostei. Começamos. Dois anos depois, faltam dedos nas mãos e nos pés para numerar a quantidade de coisas que fizemos. O que mais me dá saudade é o programa na rádio local, o Vale Saúde, que causou grande alvoroço na população (e está suspenso enquanto a rádio se regulariza). Gleiton com a voz de barítono e eu com voz de taquara rachada, era massa!
A equipe está de luto e o povo que vem à consulta não se cansa de repetir sua tristeza pela saída do profissional que se tornou amigo. Marilza fica pelos cantos com os olhos marejando. As Agentes Comunitárias de Saúde, tristes. Entendemos as necessidades do tempo. Compreendemos a importância, pertinência e acerto do concurso, mas que dói, dói ver a equipe rasgada de uma hora para outra. Muito benefício terá a cidade que captar Gleiton. Já a cidade de Palmeiras perde. Muito.
O ano passado nos trouxe grandes realizações e o II Encontro de Profissionais de ESF do Vale do Capão, foi um dos pontos altos. O ato de trabalhar é por si muito agradável, quando, porém, ademais do habituado adejamos vôo por outras ações necessárias, dá uma alegria tremenda. A par das grandes realizações sofremos este baque da ruptura do nosso tecido grupal. Não está sendo fácil administrar isso.
Em 7/1/10, recebam um abraço, Aureo Augusto.
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