sexta-feira, 10 de julho de 2009

MEDICINA OCULTA NO COTIDIANO 3

Mais uma vez é sexta-feira. Hoje tive dificuldade de postar o texto pela manhã, coisas da internet! Aqui vai mais um texto que trata da saúde:
ANTIBIÓTICOS
Quando Fleming descobriu a penicilina uma nova porta se abriu para aqueles que sonhavam em libertar os seres humanos dos males que os afligiam. Infelizmente o mau uso dos antibióticos tem trazido conseqüências muito desagradáveis para todos nós.
Estas medicações têm sido usadas freqüentemente de forma bastante irresponsável, e o principal malefício que disso advém é que muitas bactérias adquiriram resistência a este meio terapêutico. Vivendo e atuando entre pessoas do campo em minha prática clínica tenho exemplos todos os dias dessa conduta errada. É freqüente que na farmácia alguém compre 2 ou 3 comprimidos de “Tretex” (esta é a maneira como se referem à tetraciclina). Quem pede a medicação tanto pode estar apresentando uma doença infecciosa como uma mera dor de cabeça. Dessa maneira subdoses são ministradas a um número enorme de pessoas, não apenas deste antibiótico, como também de muitos outros. Assim morrem as bactérias mais fracas, sobrevivendo as mais resistentes à medicação, que só morreriam se esta fosse utilizada pelo tempo e na dosagem indicada pelos estudiosos. O resultado disso é que hoje temos bactérias muito resistentes. Por exemplo, há uma cepa de Stafilococcus aureus, que se desenvolveu no Brasil e nos Estados Unidos, resistente a todos os antibióticos conhecidos.
Infelizmente a população em geral não se dá conta de que as medicações são instrumentos perigosos, sendo que os antibióticos, pelo seu uso freqüente e pelo fato de que com o aparecimento de novas bactérias resistentes os cientistas são obrigados a desenvolver antibióticos mais potentes, mas que também atacam com mais força a nós próprios, tendem a representar um perigo maior. As penicilinas atingem as células bacterianas em uma estrutura, a parede celular, que não existe em nossas células (que tem apenas a membrana celular) e, como tal, é menos agressiva para nós. Mas o seu uso indiscriminado e o aumento da resistência gerou a criação de variados antibióticos que atingem partes das células de nosso próprio corpo, sendo, portanto venenos e os médicos esperam que este veneno mate primeiro as bactérias antes de causar em nosso corpo algum desastre irreversível. Para melhor calcular o custo/benefício desta medicação o médico estuda farmacologia na faculdade e, capacitado a entender o argot (o idiotismo da linguagem ou o jeito peculiar de falar) científico, segue estudando a matéria para que seus conhecimentos não se tornem obsoletos.
Porém, a meu ver, uma das mais graves conseqüências das promessas que a descoberta do antibiótico nos trouxe foi que reduziu a nossa preocupação com a qualidade do terreno. Meu pai comprou um belo terreno no bairro do Cabula em Salvador, junto ao quartel do 19o BC, do exército. Ali aquela instituição militar mantém uma bela floresta, para uso no treinamento dos soldados. Porém em sua área, meu pai resolveu plantar e para tanto desbastou o mato de uma gleba. Freqüentando aquele lugar e realizando constantes passeios pela floresta do exército (havia conseguido permissão para tanto), observei que na área devastada era comum a presença de cansanção, o que tornava o lugar um tanto inóspito. Já no bosque preservado esta planta era rara, já que ela prefere ambientes mais batidos pelo sol. As bactérias são plantas que preferem terrenos em determinadas condições. Por isso Louis Pasteur disse que “o terreno é tudo”.
Uma infecção bacteriana, viral ou por príons será tanto pior quanto menos capacitado esteja o organismo para resistir a ela. O nosso sistema imunológico deverá estar em condições de nos proteger. Boa alimentação, sono repousante, atividade física regular são alguns dos fatores que dão ao terreno as condições de abrigar um bosque e não um campo de cansanção.
Aureo Augusto, em 4 de julho de 2006.

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