Quase todos os palestrantes eram carecas, o que me fez pensar que estava mais ou menos em casa, já que seguindo a linha genética familiar materna, meus cabelos estão cada vez mais rareando. Estava em um encontro interessantíssimo: Narrative and Medicine: Illness and Dialogue, International Conference, ocorrido na Universidade de Lisboa. Embora estando em Portugal, todas as conferências foram pronunciadas em Inglês, que parece ser a língua dos carecas, uma vez que a maior parte das pessoas do sexo masculino presente se já não era estava a caminho da calvície.
Apesar de me estar encaminhando ao clube, a verdade é que não falo inglês e, portanto não entendi nada da International Conference. Salvou-me algum material escrito que foi distribuído e o site do evento (tudo em inglês, porém mais fácil). Admira-me nos portugueses esse desejo da cultura, que não sei se é disseminado, mas na sala todos falavam e entendiam a língua estrangeira o que é louvável. Notei que até no intervalo, muitos dos portugueses falavam entre no idioma dos anglos saxões e isso mostra como são versados nela. Considerando-se que o inglês hoje em dia é como o grego nos tempos do Helenismo e depois, na parte oriental do Império Romano, ou como o latim, na parte ocidental do mesmo império e depois da queda deste, na Idade Média e mais além, uma língua universal, que todos aqueles que se letravam cultivavam ademais da língua materna, bem que vale conhecer a língua de Shakespeare.
Antes de ontem tive a experiência de manter um entrecortado (pela expressão: repeat please) e difícil com um rapaz holandês que também está turisteando por Lisboa e arredores. Falamos a língua internacional, porque nem ele conhecia o português, nem eu o holandês. A conversa começou quando me perguntou:
- Do you speak english? E respondi-lhe:
- Ai donti nou.
Mas, apesar da nossa tupiniquim tendência (e ibo, descobri recentemente) a acrescentar um “i” ou um “e” a cada consoante muda, ele demonstrou compreender que moro no centro exato da Bahia, em uma montanha muito agradável e bela, repleta de cachoeiras. Percebeu também que considero o mundo como um todo uma coisa maravilhosa. Também descobri que ele trabalha na bolsa de valores, que jamais virá ao Brasil porque tem medo de avião, mas um seu amigo se mudou há pouco para Salvador, onde pretende residir até o fim dos tempos. Conversamos sim e entendi algo, mas saí da conversa com vontade de saber comunicar-me em inglês. Hoje a vontade se acentuou porque perdi muito da discussão que estava a assistir (já estou escrevendo do jeito de falar do lisboeta). Tampouco me beneficiei das perguntas e respostas que se seguiam às falas.
Um abração para todos em 15 de setembro de 2010,
Aureo Augusto
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