Hoje foi um belo passeio. Conheci um lugar bem especial, lindo. A cidade de Sintra. Ali visitei o Castelo da Pena que não posso nem dizer que é bonito, porque antes de mais nada é uma salada de vários estilos arquitetônicos de diversos países. O castelo foi construído por Fernando, um príncipe alemão que se casou com a portuguesa Maria, que veio a ser rainha. Esse Fernando, embora apenas príncipe consorte, teve um papel importante no estabelecimento de um padrão de qualidade para os vinhos do Porto, entre outras coisas. E, também, aproveitou um antigo mosteiro de freiras, do século XVI, e o ampliou para ser seu palácio de verão. O lugar impressiona. Está bem no alto da Serra de Sintra, a 600m de altitude e para chegar lá há que percorrer uma estrada estreita, íngreme e sinuosa, que corta uma bela floresta. O trajeto prepara-nos para a experiência de conhecer uma construção que foi concebida quase que como um artista moderno cria uma instalação. O rei e seu arquiteto dão a impressão que tomaram LSD enquanto bolavam a edificação. Quando entramos, depois de passar por uma porta encimada por um ser monstruoso, encontramos diversos quartos, salas, passagens, tudo profusamente decorado, em vários estilos, com uma infinidade de detalhes, ouro, conchas, prata, pedras, trompe l’oil, pinturas, papel de parede, tecidos. No caminhar surgem ogivas de onde descortinamos paisagens belíssimas, ou pátios encantadores. Uma sala tem a ver com a Índia, outra com a China, uma terceira é calcada nos mouros e por aí vai. Tudo encantador, mas ao mesmo tempo me senti um pouco cansado por não ter um lugar vazio para descansar os olhos. Creio que o rei e a rainha eram obrigados, e quando em vez a sair de casa, para abrigar-se de tal magnitude de estímulos, indo ver o verde homogêneo (se comparado com o interior dos cômodos) da mata. Fiquei me perguntando o por quê de tal profusão de coisas para ver, tocar, palpar. Por que tanta necessidade de estímulos visuais? Como seria a vida daquela gente? Um casal real deve ter muito que fazer. Bom, talvez não se cansassem porque ficavam ali apenas no verão. E Fernando era adepto da caça – aliás, tem uma sala dos veados, decorada com as cabeças empalhadas das vítimas do cara. Os caçadores por esporte são um tanto macabros. Mas, dizia, era adepto da caça e com certeza ficava a maior parte do tempo fora do lar. Estas coisas pensei, mas é provável que o casal achasse tudo aquilo muito natural. Afinal era outra época.
Depois fui a conhecer a cidade, que é muito aprazível. Ali tem outro castelo. Aliás, aqui não falta esta onda de castelo! Este outro castelo é o Palácio Nacional de Sintra, do século XIV com adições do século XVI. Bem mais simples, mais bem comportado. Mesmo assim com umas salas lisérgicas, como a sala dos brasões, que se você olhar muito pode entrar em transe. Vi também o castelo dos mouros, do século XII, do qual só sobrou parte dos muros e, de longe, um castelo feito por um inglês, também uma mistura romântica de estilos vários. O inglês quando morreu deu o prédio para Portugal. Parece que este país liberava a loucura de gentes de outras partes... Será que Portugal é assim como um Brasil da Europa?
Recebam um abraço deste outro lado do Atlântico.
Aureo Augusto
Amado amigo Áureo,
ResponderExcluirMe delicio lendo seu blog...
Ah, por favor me envie novamente seu e-mail pois não encontrei(blandina@ufba.br).
Como vão as coisas? Aguardo.
Um terno abraço,
Blandina
Querida que bom "falar" com vc. EStou em Portugal, já pensou? Tudo mto legal. Acompanhe aqui no blog.
ResponderExcluirmeu e-mail é aureoaug@terra.com.br
Receba um abraço,
estive ai ha uns 3 meses...Um presente ler seus textos e reviver essa viagem que foi linda!
ResponderExcluirTambém voltei com essa impressão,Portugal é uma parte do Brasil na Europa?!!!
Continue tendo uma ótima viagem...vamos acompanhando!Abraços
Caro amigo Anônimo,
ResponderExcluirDe repente me pergunto, como aliás Unamuno há tempos, se a península Ibérica não é um pedaço de outros lugares (africanos, americanos) que colou na Europa.
Abraços