Quando acordei hoje, o dia ainda não havia se organizado e os passarinhos sequer chamavam o sol com seus pipiladoscantantes. Caminhei um pouco pela casa acompanhando as sombras insistentes da noite; depois deixei-me embalar pela chuva brincando de fazer música nas teclas das telhas. Agora, os pássaros gritam o bem-te-vi e beija-flores simulam naves espaciais. Foi dada permissão a luz alastrar-se, ocupando cada rincão do Vale preenchendo a umidade chuvosa das folhas por brilhos inusitados. A serra ainda espreguiça a névoa que a toma completa. Os limites do mundo estão bem próximos. Sei que atrás da cortina branca existem árvores, montanhas e o planalto dos gerais espera minha imaginação e minhas pernas. Mas aqui aconchego-me entre o canto dos galos que tarde despertam, o tocplimtumtactinnn da chuva em um mundo que está tão quieto que nem vento ou brisa se atrevem. As vozes humanas ainda não quiseram evadir-se do sono e mesmo aqueles que se domesticaram à labuta cedeira, parece, hesitam em transformar repouso em jogo de enxada, serrote ou facão e machado.
É assim que hoje começa o dia no Vale do Capão. Assisto como quem não tem televisão.
Tomara o seu dia seja lindo como o meu está sendo. Um abraço, Aureo Augusto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário