domingo, 11 de outubro de 2009

PIPAS E PÁSSAROS

Quando acordei e abri a porta de casa assustei uma mamãe sabiá que alimentava seu filho no ninho construído acima da coluna da varanda da casa. Isso me fez lembrar um texto que escrevi em 2006 que quero compartilhar com vocês:

Hoje pela manhã, enquanto o sol aparecia por trás da Serra da Larguinha fui para a varanda terminar de ler o livro de Khaled Husseini, O Caçador de Pipas. Precisava termina-lo sob pena de não conseguir fazer mais nada. Ontem mesmo comecei a lê-lo, mas fui obrigado a interromper, pois tive uma reunião na rua, aonde cheguei ligeiramente atrasado, coisa que abomino, porque não conseguia parar a leitura. Quando retornei pra casa estava com algumas preocupações na cabeça e por isso o livro havia saído do meu foco de interesse. Infelizmente, após o almoço, quando fui descomer, com diz algumas pessoas do povo, peguei o livro novamente. Com isso tudo o que tinha que fazer ou resolver ficou em suspenso. Não consegui desgrudar mais até que Cybele chegou e, como sempre faço, interrompi o que fazia para dar-me o prazer de assisti-la. Olhar e ouvir. Acariciar e ser acariciado. Fomos dormir e fiz isso quase obrigado porque ainda faltavam umas dez páginas para terminar. Concluí hoje pela manhã, sentindo a frescura do ar em minha pele. O final é perfeito. O livro não é perfeito, tem alguns pequenos furos, e algo que me pareceu erros de tradução, mas é ótimo. Tomara você resolva lê-lo.
Mas ao iniciar esta crônica queria dizer que os pássaros voltaram. Sim, aqui em casa, sobre cada coluna da varanda há um ninho vazio que de vez em quando são ocupados por sabiás. As aves ficam um pouco assustadas com a presença humana e fogem quando abrimos a porta; mas isso apenas no início, depois se acostumam e ficam olhando atentos a nossa movimentação, mas não fogem. Depois vêem os filhotes, os ensaios de vôo e por fim abandonam o ninho até o próximo período. E, como sempre, estas loucas garrinchas escolhem os lugares mais inconvenientes para se estabelecer. Um casal delas escolheu desta vez o espaço que há entre dois livros de arte compridos e o volume de Van Loon sobre história da arte que está entre os primeiros. O último livro é grosso e baixo e sobre ele as garrinchas fizeram seu lar. Agora estou com receio de pegar os livros de arte para ler. Pelo menos até que o ninho seja abandonado.
Eu e os passarinhos nos damos bem, mesmo quando fico com raiva deles porque me estropiam a horta e os morangos. É uma bela amizade, destas em que um aceita o outro apesar dos seus defeitos. Também, apesar de bela, não se pode dizer que haja grande confiança entre nós. Eles não se aproximam muito, mas sabem que em minha casa há certa segurança e eu não confio em que não vão me atacar a horta. Mas mesmo assim nos gostamos. Isso basta.
Em 7/11/06.
Recebam o meu abraço agora em 2009

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