sexta-feira, 2 de outubro de 2009

MEDICINA OCULTA NO COTIDIANO 9

Hoje é dia de assunto ligado a Saúde. Hoje trago para vc a questão da responsabilidade pessoal neste assunto.
TODO MUNDO DE ÓCULOS!
Dalva está se queixando dos óculos novos. Disse que cada vez que os coloca vê tudo caindo. “A rua fica caindo do lado”, “o povo cai pro lado...” E por isso obrigou-se a não usar o equipamento que a custo comprou.
Estava eu em Salvador quando apareceram por aqui algumas pessoas que se diziam oculistas e o povo acorreu em massa. Alguns dias após o meu retorno reparei que o Vale do Capão em peso estava usando lentes. O exame foi gratuito (gente generosa!), mas os óculos, naturalmente, pagos. Os resultados não foram completamente satisfatórios. Uma prova disso é que (comenta-se a boca pequena) até o pessoal de uma determinada família que adora usar óculos, nem eles estão conseguindo desfilar com as novas lentes que lhes foram receitadas. Dalva já falou que vai atrás pra recuperar o dinheiro que investiu ou pelo menos dar um jeito de fazer as coisas deixarem de desabar, de cair pros lados, escorrer pelas beiradas do seu campo de visão. Recuperar o dinheiro importa, assim como corrigir um erro de diagnóstico, porém convém pensar um tanto no pouco que damos de atenção à nossa saúde. Penso até em mim mesmo, que apesar de médico, às vezes me deixo levar por inércia e procrastinação, não observando os cuidados devidos. Penso também na alegria daquelas pessoas “encandiladas” com a possibilidade de um exame grátis, mesmo sem saber se bom; usam um velho adágio: “De graça, até prego na testa”. Ora! É esperado que o oculista (se é que era oftalmologista mesmo) grátis queira compensação pelo serviço, do mesmo jeito que o político que compra voto vai querer de volta o seu investimento.
A quem nós entregamos o nosso corpo, alma, futuro, sociedade, bem-estar? Uma vez um amigo me disse que estava muito preocupado com o fato de que todos nós entregamos nossa vida a outros sem permitir-nos o controle da situação. Médicos, políticos, professores, motoristas, cozinheiros, entre outros nos conduzem:
Médicos: Freqüentemente deixamos de fazer perguntas cuidadosas quanto ao diagnóstico e a terapêutica de nossos males; deveríamos aprender da nossa saúde e da nossa cura, exigir claridade nas explicações. Existem excelentes médicos no mundo (a par de outros não tanto), mas mesmo que encontre um Hipócrates extraordinário, ainda assim ele por si só é incapaz de saber de mim com a intimidade com que eu mesmo sei.
Políticos: Os políticos tantas vezes definem diretrizes para a nossa sociedade e para a economia que favorecem mais a eles mesmos e aos seus partidos do que à população. Nós idiotamente uma infinidade de vezes esquecemos de vigia-los; Há uma certa quantidade de políticos honestos, mas que podem errar. Deixa-los com toda a responsabilidade é, no mínimo, uma idiotice (no sentido grego).
Educadores: Milhares de professores tornam-se responsáveis pela educação de nossos filhos e filhas; às vezes não preparam (em parte porque não sabem preparar) aulas, não planejam, nem fazem formação continuada até porque nem sempre os coordenadores pedagógicos cumprem suas 25 funções expressas na LDB; centenas de secretários de educação desconhecem ou não querem conhecer suas obrigações e não passam de capachos de prefeitos e governadores. Enfim, inusitadas vezes, nós, pais e mães, esquecemos ou negligenciamos nossa participação na educação. Mesmo contando com professores excelentes, coordenadores maravilhosos, secretários de educação impecáveis, ainda assim não temos o direito de delegar apenas a eles a educação de nossos filhos.
Motoristas: Em toda parte aí estão eles e, muitas vezes, são mal formados, ou estão sendo explorados pelas empresas trabalhando acima de suas capacidades, aumentando em muito a possibilidade de acidentes. Por que não prestar atenção neles, ver como estão, se possível protestar, discutir o caminho (táxi), não deixar em suas mãos toda a nossa vida naqueles momentos em que entregamos nossos rumos ao volante por eles manejado?
Cozinheiros, assim como as indústrias de alimentos, restaurantes, lanchonetes, vendedores de rua, em profusão, fazem qualquer coisa para que suas comidas sejam consumidas. A adição de conservantes, colorantes, edulcorantes, sal, açúcar, espessantes entre outros produtos cujos efeitos sobre nossos corpos são, para dizer o mínimo, imprecisos, é um dos meios utilizados para pescar-nos pelo paladar (“peixe morre pela boca”) e, nós nem sequer lemos os rótulos!
Entregamos nosso destino a outros e, nem sempre estes outros são idôneos e, quando o são, mesmo assim, passíveis de erro. Como tal, é tarefa nossa cuidar para que a nossa entrega aos profissionais competentes seja temperada pela natural e desejável presença de nossa consciência. No mínimo para que não aconteça de o mundo escorrer pelas bordas do nosso campo de visão.
Recebam um abração, Aureo Augusto.

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